segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Santi: sempre em todo o lado a pensar em ti

É raro envolver-me neste tipo de questões ou, sequer, olhar para elas, por 2 razões: 1) há sempre 2 lados para a mesma questão e quando só ouvimos um, podemos cometer algumas injustiças e 2) desde que tenho filhos, tudo o que envolva filhos mexe comigo. Mas, neste caso, não há como não comentar.

Conheço o Miguel dos tempos de Colégio. Mais novo, não era do meu ano, mas lembro-me muito bem dele. Muito bom rapaz, bem educado, calmo, sorridente. Vimo-nos há uns anos (nem me lembro bem onde nem quando) mas lembro-me de ele me ter falado como se ainda andássemos no Colégio. Tratou-me pelo nome, sabia perfeitamente quem era. E sempre com aquele sorriso na cara.

Por qualquer razão que desconheço, o Miguel não pode ver o filho, o único filho que tem. Com sorte, muita sorte, fala com ele por skype "quando o Rei faz anos". Às vezes, é mesmo nessa altura, quando o Rei Santiago faz anos. No último aniversário, o Miguel deu este presente ao filho:



O Miguel tem uma página no facebook onde escreve ao filho. Do que li da sua página e do vídeo que colocou, fiquei sinceramente impressionado com essa vontade do Miguel em querer continuar a contribuir para a educação do seu filho. A distância não separa nem quebra aquilo que ele acredita ser o seu papel de Pai. Nas viagens que faz, o Miguel leva o filho consigo. Faz questão disso! Nas alegrias, na tristeza, o Miguel partilha-as com o filho. Mesmo estando distantes.

E é isto que, para mim, é avassalador. Por um lado, a distância que não se encurta, aparentemente sem razão; por outro lado, a energia que este Pai mantém, a vontade, o acreditar, nunca desistir e sempre, mas sempre levar o seu filho para todo o lado, encurtando assim a distância que o separa do filho. "Longe da vista, longe do pensamento" é algo que não se aplica ao Miguel, definitivamente. Mas a dor, inimaginável, essa ninguém lha tira, de certeza...

Onde quer que estejas, um forte abraço Miguel!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parabéns Zicadas!

O nosso Zico faz hoje 8 anos! Oito maravilhosos anos de uma grande companhia que eu arranjei.

Francisco, de seu nome, foi a Rita, irmã mais velha, que o baptizou de Zico, tal como contei no ano passado.

Este é um dia sempre especial para o Zico. Ele vive 1 ano a pensar no seu dia de aniversário, no que pode fazer, quem vai convidar, onde vai ser a festa, que presentes quer. Vive intensamente o período de preparação: pensar no local da festa, fazer os convites com a Marta, escolher os amigos que quer convidar, listar os presentes que quer receber.

Este ano, claro está, não foi diferente e com alguma negociação, o Zico vai ter a festa que quer e gosta. Mas disso, darei conta depois do dia da festa...

O Zico é muito, muito especial. Na verdade, todos os meus 3 filhos são especiais, por razões diferentes. A Rita, mais velha, a primeira, menina, com quem conversei horas a fio; o Zico, primeiro rapaz, companheiro de bola e de treinos; a Teresa, mais bebé, refilona e impositiva, que me fez (re)lembrar o bom que é ser Pai. Mas voltemos ao Zico.

É, na verdade, um rapaz muito especial. Tem um coração doce, um fundo de manteiga, bem escondidos lá dentro daquele corpo franzino. Este último ano não foi fácil, fundamentalmente devido à mudança de escola. Tem sido valente, tem feito um esforço para se adaptar, para arranjar novos amigos, para se habituar a um novo espaço e novas pessoas. E isso fê-lo crescer. Cresceu muito este meu Zico. Um crescimento com dor mas também sem dor não tem piada, e acho mesmo que não existe!

Fico impressionado com a forma como chega a casa depois de ter aula de Educação Moral no Colégio. Fico impressionado com a forma como ele se impressiona com as histórias que houve, os vídeos que vê e com o que o Zé Pedro lhe relata de famílias com dificuldades, com bebés sem Pai nem Mãe, com pequenas histórias e contos da Bíblia. O Zico sente estas coisas, interioriza, aprende e cresce. Não esquece.

Fico impressionado com o debitar de matéria que o Zico apreende de imediato. Num dia aprende uma coisa nova, à noite, em casa, à mesa de jantar, é capaz de debitar tudo o que de novo aprendeu.

Fico impressionado com a sua tristeza. Muitas vezes, desde que chegou ao novo Colégio, já chorou. Várias vezes o encontrei a chorar no recreio. O Zico leva as coisas muito "a peito", teme que não gostem dele, que não queiram com ele brincar. O Zico não consegue relevar nada, tudo para ele conta, tudo para ele é importante.

Zico, filho, para o Pai és muito importante! E é, para mim, uma grande sorte poder ter a tua companhia todos os dias: de manhã, na ida para o Colégio; no fim-de-semana de Metro para o Estádio; ao Sábado de manhã, para os treinos de andebol; às 3ª feiras, de noite, mesmo à chuva, para os treinos de futebol; à noite, em casa, todos os dias. Acredita que és importante! És importante para mim, para a Mãe, para a Rita e para a Teresa. Tu importas nas nossas vidas.

Parabéns, Zico!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

E tu, o que mudarias?

Já partilhei no facebook o texto que o Zico escreveu, num trabalho de Português, sobre o que mudaria no Mundo. Começava assim:

«No Mundo, eu mudaria o Benfica, o SLB passasse a ser o sítio da lixeira de Benfica para os sportinguistas ficarem mais contentes e os do Benfica no lixo.»

Ele escreveu isto da cabeça dele, não julguem que o influenciei! Apresentou-me o texto feito, nem sabia que tinha este trabalho para fazer. Mas na altura, o texto ficou assim porque tivemos de sair e teve de o deixar a meio.

No dia seguinte, terminou os trabalhos, tendo igualmente completado a sua redacção sobre o que mudaria no Mundo. Quando leu em voz alta, fiquei algo impressionado.

Para além da lixeira de Carnide, o Zico escrevia que, se pudesse, tornaria todas as escolas do País em escolas públicas, para que a Mãe e o Pai não gastassem tanto dinheiro com a escola dele e da irmã.

Achei fantástico que ele já entenda este conceito de público vs. privado. É verdade que falamos várias vezes sobre isso mas não deixa de ser curioso que uma criança de 7 anos tenha compreendido a diferença entre ambos.

Perguntei-lhe porquê. Porque achava ele que as escolas deveriam ser todas públicas? Respondeu-me que achava que gastávamos dinheiro a mais. Que tinha receio que o dinheiro acabasse. E depois? O que iríamos comer? Onde iríamos viver?

Claro está, tranquilizei-o. Não tinha de se preocupar com isso. Mesmo que o dinheiro acabasse, arranjávamos uma solução, desde que estivéssemos juntos e fossemos felizes. O Zico olha para mim, e diz: «Bolas! Agora vou ter de apagar tudo e escrever outra vez!». «NÃÃÃO Zico!!! Nunca! Fizeste tudo bem, não apagues uma linha que seja. Está fantástico!», respondi-lhe eu.

O Zico é uma criança curiosa. Joga à bola, faz asneiras, tem a cabeça no ar, ri, chora, faz birras. É uma criança como as outras. Mas tem um fundo doce, carinhoso e preocupado. Sem malícia. É atento aos pormenores da vida, da sua vida. Apreende os conceitos. E, pelos vistos, não esquece o que lhe ensino.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Corrida do Jamor 2014

Inscrevi-me na prova de 10 kms da Corrida do Jamor deste ano. Reparei que havia uma caminhada/prova de 3 kms e decidi inscrever a família toda (menos a Teresinha, claro está).

Confesso que a notícia não foi muito bem recebida pela Rita e pelo Zico que não mostraram grande interesse em participar. O Zico, então, ficou logo furioso! «A Mãe não corre nada e eu quero correr depressa e a Mãe não me deixa!», logo refilou. Assim, eu abdiquei de participar na minha prova de 10 kms para acompanhar o Zico na prova de 3 kms a um ritmo superior ao das meninas, que iriam mais atrás.

(Foto retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Equipados a rigor, cada um com o seu dorsal, lá fomos para a corrida. A Rita logo tratou de transformar a sua t-shirt num kit altamente desenvolvido. Com uma tesoura, cortou a t-shirt e transformou-a por completo. Com os restos, fez uma gola para o pescoço e uma fita para o cabelo.

Arranca a prova. Início da corrida dentro do Estádio Nacional, dando uma volta à pista. Desde logo, eu e o Zico avançamos por entre os concorrentes que iam à nossa frente, inclusive os participantes dos 10 kms.

Eu seguia sempre à frente, para "desbravar o caminho", o Zico seguia as minhas pisadas.

Corremos sempre a um bom ritmo, por volta dos 6 mns/kms. Pelo caminho, ia perguntando ao Zico se estava cansado, respondia que não. 1º km feito nas calmas com parte do percurso a descer. Entramos no parque do Jamor.

Por entre poças de água, piso enlameado e outros participantes para ultrapassar, lá continuamos a nossa corrida. «Estás cansado, Zico? Podemos abrandar, se quiseres». Respondeu sempre que não. Nunca abrandou o ritmo.

(Fotos retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Chegamos ao 2º km, falta apenas 1 e iniciamos uma subida num trilho, de volta ao Estádio Nacional. Abrandamos o ritmo, a subida era íngreme e o piso acidentado. Chegados lá acima, pergunto ao Zico: «Vamos acelerar agora até à meta?». Responde que sim. Só que a meta não era onde achávamos que era e à entrada do Estádio Nacional, havia ainda uma volta inteira a dar à pista. Cansado, o Zico pediu para abrandar, o que fizemos. Com mais calma, aceleramos só já nos últimos metros. Acho que fomos dos primeiros a chegar.

A prova, que afinal foi de 3,5 kms e não de 3 kms, terminámo-la em 20:33, com um ritmo médio de 05.53 mns/km.

As meninas chegavam uns 8 minutos depois, também elas "enganadas" com o local da chegada. Tiveram ainda de andar na pista para depois arrancarem em grande passada até à meta.

A Rita chegou primeiro, a Marta logo depois em cerca de 29 minutos de corrida. Parte do percurso foram a andar porque a Rita, não tendo treino, ora corre depressa, ora começa a andar de tão rapidamente ficar cansada.

As meninas também chegaram cansadas. A Rita logo avisou que não tinha gostado e que a experiência não era para repetir.

No final, fiz uns alongamentos ao Zico. Tinha ainda um torneio de futebol pela frente durante a tarde e já estava cansado e com dores nas pernas. Jogou 4 jogos do torneio, cansado e aflito das pernas. No final, já mal conseguia andar. Mas nunca desistiu, nunca esmoreceu, nunca se queixou. À noite, fiz-lhe umas massagens em casa. Hoje de manhã, ainda se ressentia do esforço.

Eu não sei como é que os outros Pais sentem os seus filhos, principalmente os rapazes. Para mim, o Zico é um verdadeiro companheiro: de bola, de Sporting, de treino, de playstation, de andebol, de conversas, de tristezas, de alegria. Agora, também, de corridas. Veremos até quando. O esforço foi tão grande que não sei se quererá repetir.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Confiança e crescimento

O Zico tem passado alguns momentos menos bons no novo Colégio. Tem tido mais dificuldades em se adaptar do que a Rita. Entrou a meio de um ciclo, para uma turma com grupos de amigos já feitos e está a ter alguma dificuldade em estabilizar as amizades e perceber, efectivamente, quem é e quem não é amigo. De resto, está a gostar muito do Colégio e sinto-o contente.

Com as adversidades vem o crescimento. Noto uma grande diferença deste meu Zico para o Zico de antes do Verão. E com o crescimento vem a confiança.

Sempre expliquei aos meus filhos (aos mais velhos que a Teresa ainda não está para aí virada) que, mais importante que tudo, é dizer a verdade. Não mentir, não esconder, porque com a verdade vem a confiança. O pior que eles me podem fazer é mentir. Não é asneirar, não é bater, não é estragar... é mentir! E acho que eles cresceram a perceber isso.

Da Rita tenho toda a confiança. Sei que não vai prevaricar. Pode fazer as asneiras normais de uma criança de 10 anos mas sei também que se vai aplicar, que vai primeiro trabalhar e depois brincar, que vai estar atenta nas aulas, que vai-se comportar bem. Confio nela. Já o Zico, tem dias...

Vem isto a propósito de uma conversa ontem com o Zico, à saída do Colégio.

«Pai», diz ele, «estou a ter aulas de karaté!».

«Karaté, Zico, como assim?!».

«É o meu amigo Diniz (acho que é o Diniz) que me está a ensinar, e o Henrique também. E também me ensinaram uns truques novos de judo. Amanhã tenho mais 2 aulas».

Fiquei algo apreensivo. Normalmente estas brincadeiras dão asneira e com as coisas a não correrem tão bem no recreio, fiquei logo de pé atrás.

«Olha lá Zico, tem cuidado. Vocês ainda se magoam». Respondeu-me que não. Insisti na conversa e na minha argumentação.

«Confie em mim, Pai!». Instintivamente, o meu coração e a minha cabeça responderam logo: «Claro que confio em ti, Zico!». Porque confio mesmo! Porque conversa após conversa, dia após dia neste Colégio, choro após choro, riso após riso, alegrias e tristezas passadas diariamente, cada vez confio mais no juízo do Zico e na sua capacidade de decidir, de diferenciar o bem do mal, de saber o que é e não é correcto. Está a dar-me provas que é capaz. E quando isso acontece, eu confio e deixo-os à vontade.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Corrida do Montepio

Ontem, dia 26, mais uma prova de 10 kms no meu calendário de final de 2014. Depois da Corrida do Sporting e da Corrida do Aeroporto, chegava agora a Corrida do Montepio. Três provas seguidas e devidamente planeadas.


Quando recomecei os treinos, em Julho, com outra planificação, cadência e moderação, tinha já como objectivo realizar estas provas. Enquanto que a Corrida do Sporting e a do Aeroporto não são propícias a bater recordes, com muitas subidas e descidas, já a Corrida do Montepio, com um percurso plano, potenciava melhorar a minha marca pessoal que ainda estava, desde Dezembro, nos 46:05.

Voltando um pouco atrás no tempo, tem sido uma "luta" feroz. Fui-me muito abaixo fisicamente depois da meia-maratona de Março, de tal forma que em Junho as pernas já não respondiam depois de 3/4 kms. Foi necessário reduzir a intensidade dos treinos, passar a correr acima dos 6 mns/km, apostando primeiro em distâncias curtas e depois em distâncias mais longas. A partir de Setembro, com 3 treinos por semana, sem falhar, e com 1 treino semanal de séries.

Agora, depois de 4 meses de treino, sinto-me novamente em forma e esta Corrida do Montepio era excelente para me colocar à prova. Vinha a pensar nisto há várias semanas quando, na 3ª feira passada, num acidente doméstico idiota, dou cabo de um dedo do pé. Vieram-me as lágrimas aos olhos! Senti logo que não podia treinar tão cedo e a corrida de Domingo poderia estar em causa. Tanto trabalho para depois não chegar lá!

Repousei toda a semana. Não corri. Andei o mínimo possível. Sábado decidi ir à Corrida e logo se veria. Domingo tinha o dedo quase totalmente cicatrizado. Por isso, lá fui em direcção ao Rossio, desta vez acompanhado pela Marta que foi à corrida dos 5 kms. Quando chegamos, reparei que me tinha esquecido de colocar o chip. Raios! Não iria ter a minha classificação controlada. Ora bolas, mais um contratempo!


Início da corrida. Arranco disparado. O início destas corridas é sempre complicado, com sucessivos sprints, fugindo aos corredores mais lentos, até conseguir entrar num "ritmo cruzeiro". Nesta prova, depois de 1 km já estava a correr normalmente. Já na semana passada, aos 3 kms ainda andava a tentar escapar a outros corredores.

Termino o 1º km abaixo dos 4 mns/km. Chego aos 3 kms de corrida abaixo dos 13 mns e muito bem fisicamente. Tinha feito 2 kms a 4:35 mns/km. Se mantivesse o ritmo - algo que sabia ser muito difícil - iria chegar muito perto ou mesmo bater o meu recorde. Mais 2 kms pela frente, chegando aos 5 kms um pouco acima dos 23 mns, tendo baixado o ritmo para 4.43 mns/km. Na minha cabeça, sabia que devia baixar ainda mais um pouco o ritmo entre os 5 e os 7 kms para ter fôlego e pernas para o final da prova. Assim fiz. Aos 7 kms, estava cansado mas consegui voltar a um ritmo de 4:45 mns/km até final.

No final, 10 kms percorridos a uma média de 4:40 mns/kms, ficando 50 segundos acima do meu recorde pessoal mas conseguindo, assim, a minha 2ª melhor marca pessoal. Cansado mas recompensado! Olhando para a classificação, teria ficado perto do lugar 750, o que em 4900 participantes é excelente! Por escalão, estaria perto do lugar 150 em 724 participantes.

Realmente, não há nada que o treino e a cabeça não possam fazer. Em Junho andava cansado, de rastos e a fazer 10 kms acima de 1 hora. Hoje volto outra vez a conseguir fazer as minhas provas entre os 47 e os 51 minutos. É continuar a treinar bem até final do ano. Tenho ainda mais 3 provas para competir. Veremos se em alguma delas consigo bater a minha marca pessoal.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Eleições na Associação de Estudantes

Por estes dias, o Colégio dos meninos anda uma verdadeira azáfama com a campanha eleitoral para a Associação de Estudantes. Listas organizadas "batem-se" entre si para captar o maior número de votos junto dos alunos.

Os miúdos andam de megafone na mão, dentro e fora do Colégio a apelar ao voto na sua lista. Só ontem, consegui vislumbrar 3 listas candidatas. Uma delas, tinha uma mega-organização para captar votos: banquinha montada que nem feira, música "aos altos berros" e uma baliza gigante insuflável, com buracos, para os miúdos tentarem marcar golo. Outra lista andava com uma moldura cartonada, a imitar a aplicação instagram num i-phone, para as crianças tirarem fotografias.

Vi empenho e energia na campanha como vi as manobras a que nos habituamos na vida real. Dizia o Zico: «eu vou votar na O porque vão ter insufláveis», ao que respondia a Rita, «mas Zico, olhe que os da lista O são uns mentirosos! A mim disseram-me que se votasse na O, ia conhecer a Violeta!».


Os insufláveis estão para os electrodomésticos do Valentim, tal como a Violeta estará para a possibilidade de tráfico de influências por se alinhar numa determinada lista em detrimento de outra. As crianças aprendem cedo...

Brincadeira, claro está... inocência acima de tudo e boa disposição. Mas achei muito interessante o empenho dos miúdos na caça ao voto e, sobretudo, a liberdade que o Colégio lhes dá em montar um verdadeiro "chinfrim" no Colégio.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Não sei se estou preparado para... ser Pai!

Ontem concluí que, até agora, ser Pai é muito fácil! Acordar de noite, dormir pouco, mudar fraldas, brincar, dar banho, dar de comer, passear, jogar, ajudar nos estudos, dar ralhetes... tudo isto é muito fácil!

Mas ontem, pela primeira vez, duvidei da minha capacidade de ser Pai. Os meninos começam a crescer e as suas dúvidas, dilemas, ansiedades, vergonhas, mudam. A Rita está mais "entregue" à Marta e tudo isso me passa um pouco ao lado, no sentido que as perguntas que tenha não são feitas directamente a mim. A Marta vai-me contando, claro está, mas as respostas ficam para ela.

O Zico, ontem, tinha um enorme segredo para me contar. Como é um enorme segredo, obviamente não o vou aqui divulgar porque respeito esse mesmo segredo e o desejo do Zico não querer que se saiba. Estava com muita vergonha de contar mas, depois de alguma insistência da minha parte... lá contou! E depois de me contar, confesso que fiquei um pouco atrapalhado pela novidade da questão e da conversa. É que não tinha nada a ver com tudo o que falamos até ontem!

Isto levou-me a questionar se realmente estarei preparado para ser Pai. Teremos nós resposta para tudo? Àquelas perguntas insistentes, de seguida, colocadas de metralhadora quando começam a pensar mais e a ter dúvidas sobre tudo; às perguntas mais ligadas à adolescência; às questões sobre o próprio corpo e a tudo o mais que se segue até... morrermos.

É que, na realidade, as perguntas, dúvidas não vão acabar. O nosso papel de Pai nunca ficará concluído. As nossas preocupações sempre existirão e acho que nunca viveremos realmente "descansados", por muita confiança que tenhamos neles. Por isso, isto de ser Pai é uma constante aprendizagem e, na realidade, as nossas dúvidas provavelmente nunca terminarão.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um filho e uma cerveja

Foi apresentado o Orçamento de Estado. Por causa da minha actividade profissional, tive de dar uma vista de olhos e vou lendo outras coisas. E é, também, um assunto que me interessa, nem que seja para tentar perceber onde posso pagar menos impostos.

Vejo que terminaram as despesas de educação. Para um Governo que iniciou uma importante discussão sobre o aumento da natalidade em Portugal, concluo que é bom ter filhos mas não para os pôr na escola. Aliás, as despesas com educação são colocadas num saco onde também vão caber o dinheiro gasto com telefones e as cervejas que compro no supermercado. Ah, é verdade, e a casa!

Este orçamento coloca os nossos filhos ao nível de uma garrafa de cerveja, de um pacote de bolachas, de uma embalagem de café ou mesmo de um sms. O dinheiro que investimos na sua educação é agora visto como um consumível, uma mensagem instantânea. Além disso, só podemos deduzir € 600 neste bolo de despesas familiares, quando antes só em educação, podíamos deduzir mais.

Dirão os defensores deste orçamento: o Governo dá um quociente familiar e dá vales educação. Posso estar a ver mal a coisa, mas acho que a maioria das famílias com filhos, que se preocupa com a sua educação e trabalha dia e noite para lhes poder dar a melhor educação possível, não está muito preocupada com quocientes e vales. Está preocupada com o dinheiro que tem na mão, todos os meses, e se chega para comprar material escolar e pagar as propinas. Nós, Pais, faz-nos falta é dinheiro para poder gastar no que realmente precisamos, não necessitamos de créditos, vales, cupões ou outras complicações.

Nós, Pais, ao investirmos na educação dos nossos filhos, estamos a investir no País. Recebemos em troca vales e quocientes. E nem escolas com vagas e capazes de receber as crianças temos. Este ano, então, nem sequer professores!

E depois, ainda por cima, ainda vêm colocar as culpas em cima de nós porque não gastamos nem consumimos o suficiente e isso não ajuda a Economia. Ora bolas, batatinhas para vocês!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quando devemos dar um telemóvel aos filhos?

A Rita fez 10 anos na semana passada. Desde há algum tempo que nos anda a pedir um telemóvel e, legitimamente, tinha a expectativa de receber um como presente de anos. Praticamente todas as amigas do Colégio têm um e a Rita também quer. Nós não lhe demos o telemóvel e a Rita ficou desolada!

Ao que parece, está instituído na sociedade que os 10 anos são a idade para um Pai dar um telemóvel ao filho. Entra para o 5º Ano, tem de ter um telemóvel. Pessoalmente, não entendo bem esta regra...

Um telemóvel é um bem de necessidade. Não é um brinquedo, apesar da evolução tecnológica cada vez permitir mais que um telemóvel seja isso mesmo, um brinquedo. Mas não é. O uso que, lá em casa, damos ao telemóvel é fundamentalmente profissional: chamadas, sms's, e-mails, notícias.

Sendo um bem de necessidade, será mesmo que crianças de 10 anos têm a necessidade de ter um aparelho para que possam estar SEMPRE contactáveis? Mas mais do que isso: nós, Pais, precisamos MESMO que os nossos filhos tenham de estar SEMPRE contactáveis?

Esta parece ser uma das principais razões para os Pais darem um telemóvel aos filhos. Entram para o 5º Ano, estão mais autónomos, vão para escolas de maior dimensão, torna-se mais fácil encontrá-los ligando-lhes para o telemóvel.

Outros, darão um telemóvel, se calhar, como forma de "compensação" por passarem pouco tempo com os filhos.

Na realidade, havendo uma qualquer urgência, ligo para o Colégio e falo com os meus filhos, e vice-versa. Quando estão fora, em actividades, também arranjamos forma de nos contactarmos, se necessário, e já passamos por essa experiência. Por isso, nós não sentimos essa necessidade de termos a Rita sempre contactável. Mais, não o desejamos! Queremos que ela tenha a sua liberdade, a sua autonomia e não queremos estar em permanente contacto com ela. Há um espaço próprio para falarmos, que é em casa, em família à hora do jantar ou depois do jantar.

Mais ainda, confiamos na Rita. Confiamos no seu julgamento, confiamos nas decisões que toma e não precisamos de saber tudo o que faz, quando faz, como e com quem faz. Respeitamos a sua privacidade e autonomia e preocupamo-nos em dar-lhe a responsabilidade de ser autónoma e de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.

Naturalmente, não temos certeza sobre este assunto. O que será melhor? Privá-la de um telemóvel, privilegiando outras coisas ou dar-lhe um telemóvel facilitando, assim, a sua integração junto do grupo de amigas? Será benéfico para a Rita ser a única que não tem um telemóvel?

Há muitas perguntas e diferentes respostas. Mas nós, enquanto Pais da Rita, para já mantemos a nossa posição: é preferível não ter um telemóvel e não estar agarrada ao aparelho. Preferimos que ocupe o seu tempo livre a brincar, a conversar, a interagir com outros, a puxar pela cabeça para se distrair. Em casa, preferimos sentar-nos à mesa a jantar e a contar as peripécias dos nossos dias, privilegiamos que a Rita brinque com a Teresinha, em vez de andar preocupada se tem ou não alguma mensagem ou chamada de alguma amiga.

Ontem acabamos por conceder uma entrevista à Revista Visão sobre este mesmo assunto. Veremos como sai a reportagem e a nossa perspectiva sobre o tema.