segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Santi: sempre em todo o lado a pensar em ti

É raro envolver-me neste tipo de questões ou, sequer, olhar para elas, por 2 razões: 1) há sempre 2 lados para a mesma questão e quando só ouvimos um, podemos cometer algumas injustiças e 2) desde que tenho filhos, tudo o que envolva filhos mexe comigo. Mas, neste caso, não há como não comentar.

Conheço o Miguel dos tempos de Colégio. Mais novo, não era do meu ano, mas lembro-me muito bem dele. Muito bom rapaz, bem educado, calmo, sorridente. Vimo-nos há uns anos (nem me lembro bem onde nem quando) mas lembro-me de ele me ter falado como se ainda andássemos no Colégio. Tratou-me pelo nome, sabia perfeitamente quem era. E sempre com aquele sorriso na cara.

Por qualquer razão que desconheço, o Miguel não pode ver o filho, o único filho que tem. Com sorte, muita sorte, fala com ele por skype "quando o Rei faz anos". Às vezes, é mesmo nessa altura, quando o Rei Santiago faz anos. No último aniversário, o Miguel deu este presente ao filho:



O Miguel tem uma página no facebook onde escreve ao filho. Do que li da sua página e do vídeo que colocou, fiquei sinceramente impressionado com essa vontade do Miguel em querer continuar a contribuir para a educação do seu filho. A distância não separa nem quebra aquilo que ele acredita ser o seu papel de Pai. Nas viagens que faz, o Miguel leva o filho consigo. Faz questão disso! Nas alegrias, na tristeza, o Miguel partilha-as com o filho. Mesmo estando distantes.

E é isto que, para mim, é avassalador. Por um lado, a distância que não se encurta, aparentemente sem razão; por outro lado, a energia que este Pai mantém, a vontade, o acreditar, nunca desistir e sempre, mas sempre levar o seu filho para todo o lado, encurtando assim a distância que o separa do filho. "Longe da vista, longe do pensamento" é algo que não se aplica ao Miguel, definitivamente. Mas a dor, inimaginável, essa ninguém lha tira, de certeza...

Onde quer que estejas, um forte abraço Miguel!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parabéns Zicadas!

O nosso Zico faz hoje 8 anos! Oito maravilhosos anos de uma grande companhia que eu arranjei.

Francisco, de seu nome, foi a Rita, irmã mais velha, que o baptizou de Zico, tal como contei no ano passado.

Este é um dia sempre especial para o Zico. Ele vive 1 ano a pensar no seu dia de aniversário, no que pode fazer, quem vai convidar, onde vai ser a festa, que presentes quer. Vive intensamente o período de preparação: pensar no local da festa, fazer os convites com a Marta, escolher os amigos que quer convidar, listar os presentes que quer receber.

Este ano, claro está, não foi diferente e com alguma negociação, o Zico vai ter a festa que quer e gosta. Mas disso, darei conta depois do dia da festa...

O Zico é muito, muito especial. Na verdade, todos os meus 3 filhos são especiais, por razões diferentes. A Rita, mais velha, a primeira, menina, com quem conversei horas a fio; o Zico, primeiro rapaz, companheiro de bola e de treinos; a Teresa, mais bebé, refilona e impositiva, que me fez (re)lembrar o bom que é ser Pai. Mas voltemos ao Zico.

É, na verdade, um rapaz muito especial. Tem um coração doce, um fundo de manteiga, bem escondidos lá dentro daquele corpo franzino. Este último ano não foi fácil, fundamentalmente devido à mudança de escola. Tem sido valente, tem feito um esforço para se adaptar, para arranjar novos amigos, para se habituar a um novo espaço e novas pessoas. E isso fê-lo crescer. Cresceu muito este meu Zico. Um crescimento com dor mas também sem dor não tem piada, e acho mesmo que não existe!

Fico impressionado com a forma como chega a casa depois de ter aula de Educação Moral no Colégio. Fico impressionado com a forma como ele se impressiona com as histórias que houve, os vídeos que vê e com o que o Zé Pedro lhe relata de famílias com dificuldades, com bebés sem Pai nem Mãe, com pequenas histórias e contos da Bíblia. O Zico sente estas coisas, interioriza, aprende e cresce. Não esquece.

Fico impressionado com o debitar de matéria que o Zico apreende de imediato. Num dia aprende uma coisa nova, à noite, em casa, à mesa de jantar, é capaz de debitar tudo o que de novo aprendeu.

Fico impressionado com a sua tristeza. Muitas vezes, desde que chegou ao novo Colégio, já chorou. Várias vezes o encontrei a chorar no recreio. O Zico leva as coisas muito "a peito", teme que não gostem dele, que não queiram com ele brincar. O Zico não consegue relevar nada, tudo para ele conta, tudo para ele é importante.

Zico, filho, para o Pai és muito importante! E é, para mim, uma grande sorte poder ter a tua companhia todos os dias: de manhã, na ida para o Colégio; no fim-de-semana de Metro para o Estádio; ao Sábado de manhã, para os treinos de andebol; às 3ª feiras, de noite, mesmo à chuva, para os treinos de futebol; à noite, em casa, todos os dias. Acredita que és importante! És importante para mim, para a Mãe, para a Rita e para a Teresa. Tu importas nas nossas vidas.

Parabéns, Zico!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

E tu, o que mudarias?

Já partilhei no facebook o texto que o Zico escreveu, num trabalho de Português, sobre o que mudaria no Mundo. Começava assim:

«No Mundo, eu mudaria o Benfica, o SLB passasse a ser o sítio da lixeira de Benfica para os sportinguistas ficarem mais contentes e os do Benfica no lixo.»

Ele escreveu isto da cabeça dele, não julguem que o influenciei! Apresentou-me o texto feito, nem sabia que tinha este trabalho para fazer. Mas na altura, o texto ficou assim porque tivemos de sair e teve de o deixar a meio.

No dia seguinte, terminou os trabalhos, tendo igualmente completado a sua redacção sobre o que mudaria no Mundo. Quando leu em voz alta, fiquei algo impressionado.

Para além da lixeira de Carnide, o Zico escrevia que, se pudesse, tornaria todas as escolas do País em escolas públicas, para que a Mãe e o Pai não gastassem tanto dinheiro com a escola dele e da irmã.

Achei fantástico que ele já entenda este conceito de público vs. privado. É verdade que falamos várias vezes sobre isso mas não deixa de ser curioso que uma criança de 7 anos tenha compreendido a diferença entre ambos.

Perguntei-lhe porquê. Porque achava ele que as escolas deveriam ser todas públicas? Respondeu-me que achava que gastávamos dinheiro a mais. Que tinha receio que o dinheiro acabasse. E depois? O que iríamos comer? Onde iríamos viver?

Claro está, tranquilizei-o. Não tinha de se preocupar com isso. Mesmo que o dinheiro acabasse, arranjávamos uma solução, desde que estivéssemos juntos e fossemos felizes. O Zico olha para mim, e diz: «Bolas! Agora vou ter de apagar tudo e escrever outra vez!». «NÃÃÃO Zico!!! Nunca! Fizeste tudo bem, não apagues uma linha que seja. Está fantástico!», respondi-lhe eu.

O Zico é uma criança curiosa. Joga à bola, faz asneiras, tem a cabeça no ar, ri, chora, faz birras. É uma criança como as outras. Mas tem um fundo doce, carinhoso e preocupado. Sem malícia. É atento aos pormenores da vida, da sua vida. Apreende os conceitos. E, pelos vistos, não esquece o que lhe ensino.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Corrida do Jamor 2014

Inscrevi-me na prova de 10 kms da Corrida do Jamor deste ano. Reparei que havia uma caminhada/prova de 3 kms e decidi inscrever a família toda (menos a Teresinha, claro está).

Confesso que a notícia não foi muito bem recebida pela Rita e pelo Zico que não mostraram grande interesse em participar. O Zico, então, ficou logo furioso! «A Mãe não corre nada e eu quero correr depressa e a Mãe não me deixa!», logo refilou. Assim, eu abdiquei de participar na minha prova de 10 kms para acompanhar o Zico na prova de 3 kms a um ritmo superior ao das meninas, que iriam mais atrás.

(Foto retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Equipados a rigor, cada um com o seu dorsal, lá fomos para a corrida. A Rita logo tratou de transformar a sua t-shirt num kit altamente desenvolvido. Com uma tesoura, cortou a t-shirt e transformou-a por completo. Com os restos, fez uma gola para o pescoço e uma fita para o cabelo.

Arranca a prova. Início da corrida dentro do Estádio Nacional, dando uma volta à pista. Desde logo, eu e o Zico avançamos por entre os concorrentes que iam à nossa frente, inclusive os participantes dos 10 kms.

Eu seguia sempre à frente, para "desbravar o caminho", o Zico seguia as minhas pisadas.

Corremos sempre a um bom ritmo, por volta dos 6 mns/kms. Pelo caminho, ia perguntando ao Zico se estava cansado, respondia que não. 1º km feito nas calmas com parte do percurso a descer. Entramos no parque do Jamor.

Por entre poças de água, piso enlameado e outros participantes para ultrapassar, lá continuamos a nossa corrida. «Estás cansado, Zico? Podemos abrandar, se quiseres». Respondeu sempre que não. Nunca abrandou o ritmo.

(Fotos retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Chegamos ao 2º km, falta apenas 1 e iniciamos uma subida num trilho, de volta ao Estádio Nacional. Abrandamos o ritmo, a subida era íngreme e o piso acidentado. Chegados lá acima, pergunto ao Zico: «Vamos acelerar agora até à meta?». Responde que sim. Só que a meta não era onde achávamos que era e à entrada do Estádio Nacional, havia ainda uma volta inteira a dar à pista. Cansado, o Zico pediu para abrandar, o que fizemos. Com mais calma, aceleramos só já nos últimos metros. Acho que fomos dos primeiros a chegar.

A prova, que afinal foi de 3,5 kms e não de 3 kms, terminámo-la em 20:33, com um ritmo médio de 05.53 mns/km.

As meninas chegavam uns 8 minutos depois, também elas "enganadas" com o local da chegada. Tiveram ainda de andar na pista para depois arrancarem em grande passada até à meta.

A Rita chegou primeiro, a Marta logo depois em cerca de 29 minutos de corrida. Parte do percurso foram a andar porque a Rita, não tendo treino, ora corre depressa, ora começa a andar de tão rapidamente ficar cansada.

As meninas também chegaram cansadas. A Rita logo avisou que não tinha gostado e que a experiência não era para repetir.

No final, fiz uns alongamentos ao Zico. Tinha ainda um torneio de futebol pela frente durante a tarde e já estava cansado e com dores nas pernas. Jogou 4 jogos do torneio, cansado e aflito das pernas. No final, já mal conseguia andar. Mas nunca desistiu, nunca esmoreceu, nunca se queixou. À noite, fiz-lhe umas massagens em casa. Hoje de manhã, ainda se ressentia do esforço.

Eu não sei como é que os outros Pais sentem os seus filhos, principalmente os rapazes. Para mim, o Zico é um verdadeiro companheiro: de bola, de Sporting, de treino, de playstation, de andebol, de conversas, de tristezas, de alegria. Agora, também, de corridas. Veremos até quando. O esforço foi tão grande que não sei se quererá repetir.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Confiança e crescimento

O Zico tem passado alguns momentos menos bons no novo Colégio. Tem tido mais dificuldades em se adaptar do que a Rita. Entrou a meio de um ciclo, para uma turma com grupos de amigos já feitos e está a ter alguma dificuldade em estabilizar as amizades e perceber, efectivamente, quem é e quem não é amigo. De resto, está a gostar muito do Colégio e sinto-o contente.

Com as adversidades vem o crescimento. Noto uma grande diferença deste meu Zico para o Zico de antes do Verão. E com o crescimento vem a confiança.

Sempre expliquei aos meus filhos (aos mais velhos que a Teresa ainda não está para aí virada) que, mais importante que tudo, é dizer a verdade. Não mentir, não esconder, porque com a verdade vem a confiança. O pior que eles me podem fazer é mentir. Não é asneirar, não é bater, não é estragar... é mentir! E acho que eles cresceram a perceber isso.

Da Rita tenho toda a confiança. Sei que não vai prevaricar. Pode fazer as asneiras normais de uma criança de 10 anos mas sei também que se vai aplicar, que vai primeiro trabalhar e depois brincar, que vai estar atenta nas aulas, que vai-se comportar bem. Confio nela. Já o Zico, tem dias...

Vem isto a propósito de uma conversa ontem com o Zico, à saída do Colégio.

«Pai», diz ele, «estou a ter aulas de karaté!».

«Karaté, Zico, como assim?!».

«É o meu amigo Diniz (acho que é o Diniz) que me está a ensinar, e o Henrique também. E também me ensinaram uns truques novos de judo. Amanhã tenho mais 2 aulas».

Fiquei algo apreensivo. Normalmente estas brincadeiras dão asneira e com as coisas a não correrem tão bem no recreio, fiquei logo de pé atrás.

«Olha lá Zico, tem cuidado. Vocês ainda se magoam». Respondeu-me que não. Insisti na conversa e na minha argumentação.

«Confie em mim, Pai!». Instintivamente, o meu coração e a minha cabeça responderam logo: «Claro que confio em ti, Zico!». Porque confio mesmo! Porque conversa após conversa, dia após dia neste Colégio, choro após choro, riso após riso, alegrias e tristezas passadas diariamente, cada vez confio mais no juízo do Zico e na sua capacidade de decidir, de diferenciar o bem do mal, de saber o que é e não é correcto. Está a dar-me provas que é capaz. E quando isso acontece, eu confio e deixo-os à vontade.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Corrida do Montepio

Ontem, dia 26, mais uma prova de 10 kms no meu calendário de final de 2014. Depois da Corrida do Sporting e da Corrida do Aeroporto, chegava agora a Corrida do Montepio. Três provas seguidas e devidamente planeadas.


Quando recomecei os treinos, em Julho, com outra planificação, cadência e moderação, tinha já como objectivo realizar estas provas. Enquanto que a Corrida do Sporting e a do Aeroporto não são propícias a bater recordes, com muitas subidas e descidas, já a Corrida do Montepio, com um percurso plano, potenciava melhorar a minha marca pessoal que ainda estava, desde Dezembro, nos 46:05.

Voltando um pouco atrás no tempo, tem sido uma "luta" feroz. Fui-me muito abaixo fisicamente depois da meia-maratona de Março, de tal forma que em Junho as pernas já não respondiam depois de 3/4 kms. Foi necessário reduzir a intensidade dos treinos, passar a correr acima dos 6 mns/km, apostando primeiro em distâncias curtas e depois em distâncias mais longas. A partir de Setembro, com 3 treinos por semana, sem falhar, e com 1 treino semanal de séries.

Agora, depois de 4 meses de treino, sinto-me novamente em forma e esta Corrida do Montepio era excelente para me colocar à prova. Vinha a pensar nisto há várias semanas quando, na 3ª feira passada, num acidente doméstico idiota, dou cabo de um dedo do pé. Vieram-me as lágrimas aos olhos! Senti logo que não podia treinar tão cedo e a corrida de Domingo poderia estar em causa. Tanto trabalho para depois não chegar lá!

Repousei toda a semana. Não corri. Andei o mínimo possível. Sábado decidi ir à Corrida e logo se veria. Domingo tinha o dedo quase totalmente cicatrizado. Por isso, lá fui em direcção ao Rossio, desta vez acompanhado pela Marta que foi à corrida dos 5 kms. Quando chegamos, reparei que me tinha esquecido de colocar o chip. Raios! Não iria ter a minha classificação controlada. Ora bolas, mais um contratempo!


Início da corrida. Arranco disparado. O início destas corridas é sempre complicado, com sucessivos sprints, fugindo aos corredores mais lentos, até conseguir entrar num "ritmo cruzeiro". Nesta prova, depois de 1 km já estava a correr normalmente. Já na semana passada, aos 3 kms ainda andava a tentar escapar a outros corredores.

Termino o 1º km abaixo dos 4 mns/km. Chego aos 3 kms de corrida abaixo dos 13 mns e muito bem fisicamente. Tinha feito 2 kms a 4:35 mns/km. Se mantivesse o ritmo - algo que sabia ser muito difícil - iria chegar muito perto ou mesmo bater o meu recorde. Mais 2 kms pela frente, chegando aos 5 kms um pouco acima dos 23 mns, tendo baixado o ritmo para 4.43 mns/km. Na minha cabeça, sabia que devia baixar ainda mais um pouco o ritmo entre os 5 e os 7 kms para ter fôlego e pernas para o final da prova. Assim fiz. Aos 7 kms, estava cansado mas consegui voltar a um ritmo de 4:45 mns/km até final.

No final, 10 kms percorridos a uma média de 4:40 mns/kms, ficando 50 segundos acima do meu recorde pessoal mas conseguindo, assim, a minha 2ª melhor marca pessoal. Cansado mas recompensado! Olhando para a classificação, teria ficado perto do lugar 750, o que em 4900 participantes é excelente! Por escalão, estaria perto do lugar 150 em 724 participantes.

Realmente, não há nada que o treino e a cabeça não possam fazer. Em Junho andava cansado, de rastos e a fazer 10 kms acima de 1 hora. Hoje volto outra vez a conseguir fazer as minhas provas entre os 47 e os 51 minutos. É continuar a treinar bem até final do ano. Tenho ainda mais 3 provas para competir. Veremos se em alguma delas consigo bater a minha marca pessoal.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Eleições na Associação de Estudantes

Por estes dias, o Colégio dos meninos anda uma verdadeira azáfama com a campanha eleitoral para a Associação de Estudantes. Listas organizadas "batem-se" entre si para captar o maior número de votos junto dos alunos.

Os miúdos andam de megafone na mão, dentro e fora do Colégio a apelar ao voto na sua lista. Só ontem, consegui vislumbrar 3 listas candidatas. Uma delas, tinha uma mega-organização para captar votos: banquinha montada que nem feira, música "aos altos berros" e uma baliza gigante insuflável, com buracos, para os miúdos tentarem marcar golo. Outra lista andava com uma moldura cartonada, a imitar a aplicação instagram num i-phone, para as crianças tirarem fotografias.

Vi empenho e energia na campanha como vi as manobras a que nos habituamos na vida real. Dizia o Zico: «eu vou votar na O porque vão ter insufláveis», ao que respondia a Rita, «mas Zico, olhe que os da lista O são uns mentirosos! A mim disseram-me que se votasse na O, ia conhecer a Violeta!».


Os insufláveis estão para os electrodomésticos do Valentim, tal como a Violeta estará para a possibilidade de tráfico de influências por se alinhar numa determinada lista em detrimento de outra. As crianças aprendem cedo...

Brincadeira, claro está... inocência acima de tudo e boa disposição. Mas achei muito interessante o empenho dos miúdos na caça ao voto e, sobretudo, a liberdade que o Colégio lhes dá em montar um verdadeiro "chinfrim" no Colégio.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Não sei se estou preparado para... ser Pai!

Ontem concluí que, até agora, ser Pai é muito fácil! Acordar de noite, dormir pouco, mudar fraldas, brincar, dar banho, dar de comer, passear, jogar, ajudar nos estudos, dar ralhetes... tudo isto é muito fácil!

Mas ontem, pela primeira vez, duvidei da minha capacidade de ser Pai. Os meninos começam a crescer e as suas dúvidas, dilemas, ansiedades, vergonhas, mudam. A Rita está mais "entregue" à Marta e tudo isso me passa um pouco ao lado, no sentido que as perguntas que tenha não são feitas directamente a mim. A Marta vai-me contando, claro está, mas as respostas ficam para ela.

O Zico, ontem, tinha um enorme segredo para me contar. Como é um enorme segredo, obviamente não o vou aqui divulgar porque respeito esse mesmo segredo e o desejo do Zico não querer que se saiba. Estava com muita vergonha de contar mas, depois de alguma insistência da minha parte... lá contou! E depois de me contar, confesso que fiquei um pouco atrapalhado pela novidade da questão e da conversa. É que não tinha nada a ver com tudo o que falamos até ontem!

Isto levou-me a questionar se realmente estarei preparado para ser Pai. Teremos nós resposta para tudo? Àquelas perguntas insistentes, de seguida, colocadas de metralhadora quando começam a pensar mais e a ter dúvidas sobre tudo; às perguntas mais ligadas à adolescência; às questões sobre o próprio corpo e a tudo o mais que se segue até... morrermos.

É que, na realidade, as perguntas, dúvidas não vão acabar. O nosso papel de Pai nunca ficará concluído. As nossas preocupações sempre existirão e acho que nunca viveremos realmente "descansados", por muita confiança que tenhamos neles. Por isso, isto de ser Pai é uma constante aprendizagem e, na realidade, as nossas dúvidas provavelmente nunca terminarão.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um filho e uma cerveja

Foi apresentado o Orçamento de Estado. Por causa da minha actividade profissional, tive de dar uma vista de olhos e vou lendo outras coisas. E é, também, um assunto que me interessa, nem que seja para tentar perceber onde posso pagar menos impostos.

Vejo que terminaram as despesas de educação. Para um Governo que iniciou uma importante discussão sobre o aumento da natalidade em Portugal, concluo que é bom ter filhos mas não para os pôr na escola. Aliás, as despesas com educação são colocadas num saco onde também vão caber o dinheiro gasto com telefones e as cervejas que compro no supermercado. Ah, é verdade, e a casa!

Este orçamento coloca os nossos filhos ao nível de uma garrafa de cerveja, de um pacote de bolachas, de uma embalagem de café ou mesmo de um sms. O dinheiro que investimos na sua educação é agora visto como um consumível, uma mensagem instantânea. Além disso, só podemos deduzir € 600 neste bolo de despesas familiares, quando antes só em educação, podíamos deduzir mais.

Dirão os defensores deste orçamento: o Governo dá um quociente familiar e dá vales educação. Posso estar a ver mal a coisa, mas acho que a maioria das famílias com filhos, que se preocupa com a sua educação e trabalha dia e noite para lhes poder dar a melhor educação possível, não está muito preocupada com quocientes e vales. Está preocupada com o dinheiro que tem na mão, todos os meses, e se chega para comprar material escolar e pagar as propinas. Nós, Pais, faz-nos falta é dinheiro para poder gastar no que realmente precisamos, não necessitamos de créditos, vales, cupões ou outras complicações.

Nós, Pais, ao investirmos na educação dos nossos filhos, estamos a investir no País. Recebemos em troca vales e quocientes. E nem escolas com vagas e capazes de receber as crianças temos. Este ano, então, nem sequer professores!

E depois, ainda por cima, ainda vêm colocar as culpas em cima de nós porque não gastamos nem consumimos o suficiente e isso não ajuda a Economia. Ora bolas, batatinhas para vocês!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quando devemos dar um telemóvel aos filhos?

A Rita fez 10 anos na semana passada. Desde há algum tempo que nos anda a pedir um telemóvel e, legitimamente, tinha a expectativa de receber um como presente de anos. Praticamente todas as amigas do Colégio têm um e a Rita também quer. Nós não lhe demos o telemóvel e a Rita ficou desolada!

Ao que parece, está instituído na sociedade que os 10 anos são a idade para um Pai dar um telemóvel ao filho. Entra para o 5º Ano, tem de ter um telemóvel. Pessoalmente, não entendo bem esta regra...

Um telemóvel é um bem de necessidade. Não é um brinquedo, apesar da evolução tecnológica cada vez permitir mais que um telemóvel seja isso mesmo, um brinquedo. Mas não é. O uso que, lá em casa, damos ao telemóvel é fundamentalmente profissional: chamadas, sms's, e-mails, notícias.

Sendo um bem de necessidade, será mesmo que crianças de 10 anos têm a necessidade de ter um aparelho para que possam estar SEMPRE contactáveis? Mas mais do que isso: nós, Pais, precisamos MESMO que os nossos filhos tenham de estar SEMPRE contactáveis?

Esta parece ser uma das principais razões para os Pais darem um telemóvel aos filhos. Entram para o 5º Ano, estão mais autónomos, vão para escolas de maior dimensão, torna-se mais fácil encontrá-los ligando-lhes para o telemóvel.

Outros, darão um telemóvel, se calhar, como forma de "compensação" por passarem pouco tempo com os filhos.

Na realidade, havendo uma qualquer urgência, ligo para o Colégio e falo com os meus filhos, e vice-versa. Quando estão fora, em actividades, também arranjamos forma de nos contactarmos, se necessário, e já passamos por essa experiência. Por isso, nós não sentimos essa necessidade de termos a Rita sempre contactável. Mais, não o desejamos! Queremos que ela tenha a sua liberdade, a sua autonomia e não queremos estar em permanente contacto com ela. Há um espaço próprio para falarmos, que é em casa, em família à hora do jantar ou depois do jantar.

Mais ainda, confiamos na Rita. Confiamos no seu julgamento, confiamos nas decisões que toma e não precisamos de saber tudo o que faz, quando faz, como e com quem faz. Respeitamos a sua privacidade e autonomia e preocupamo-nos em dar-lhe a responsabilidade de ser autónoma e de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.

Naturalmente, não temos certeza sobre este assunto. O que será melhor? Privá-la de um telemóvel, privilegiando outras coisas ou dar-lhe um telemóvel facilitando, assim, a sua integração junto do grupo de amigas? Será benéfico para a Rita ser a única que não tem um telemóvel?

Há muitas perguntas e diferentes respostas. Mas nós, enquanto Pais da Rita, para já mantemos a nossa posição: é preferível não ter um telemóvel e não estar agarrada ao aparelho. Preferimos que ocupe o seu tempo livre a brincar, a conversar, a interagir com outros, a puxar pela cabeça para se distrair. Em casa, preferimos sentar-nos à mesa a jantar e a contar as peripécias dos nossos dias, privilegiamos que a Rita brinque com a Teresinha, em vez de andar preocupada se tem ou não alguma mensagem ou chamada de alguma amiga.

Ontem acabamos por conceder uma entrevista à Revista Visão sobre este mesmo assunto. Veremos como sai a reportagem e a nossa perspectiva sobre o tema.

domingo, 12 de outubro de 2014

Corrida do Sporting 2014

Mais uma edição da Corrida do Sporting. O ano passado participei à procura de bater o meu recorde, fazendo os 10 kms abaixo dos 50 minutos. Consegui. Este ano o objectivo era bem diferente...

Foram quatro meses sem competir. Depois da meia de Lisboa, em Março, o corpo claudicou. Preparação errada, recuperação ainda pior. 3 provas de 10 kms, logo a seguir, sempre a puxar pelo corpo. Estiquei a corda e não aguentei o ritmo.

Andava a correr e a treinar abaixo dos 5 mns por km, em Dezembro já tinha feito inclusive 10 kms em 46 mns. Mas um sobre-esforço levou-me a fazer um reset.

Entre Julho e Setembro, recomecei o meu plano de treinos. Primeiro, distâncias curtas, lento. Depois aumentar gradualmente a distância, mas sempre lentamente. Treinei sempre acima dos 6 mns/km, às vezes até nos 7. Queria era correr, mesmo que o corpo já não aguentasse um ritmo superior.

Em Setembro iniciei treinos de séries, que me permitiu aumentar gradualmente a velocidade. Complementava com um treino curto e outro longo.

Dois treinos longos, em que em cada um deles consegui aguentar um ritmo de 4:40 durante 4 kms seguidos, e noutro durante 6 kms, aumentou a minha confiança.


Depois de muito treino, chegamos então à Corrida do Sporting. Dia de muita chuva e muito vento a dificultar a tarefa. Conhecia o percurso, que não é fácil por causa dos tuneis e da subida da Fontes Pereira de Melo. Sabia onde devia acelerar e onde devia resguardar-me. A minha principal preocupação era fazer a corrida sem sobressaltos e sem esforçar demais o corpo.

No final, 10 kms cumpridos em 49:53, abaixo dos 50 mns como já havia conseguido algumas vezes em 2013. Corrida tranquila, senti-me sempre bem, abrandei quando tinha de abrandar, acabei muito bem num ritmo abaixo de 4mn/km, inclusive. Até aos 3 kms a um bom ritmo, abaixo dos 5 mns/km. Abrandei a subir a Av República, acelerei Fontes Pereira de Melo abaixo para voltar a abrandar na subida. Depois, bom ritmo até Entrecampos, onde me resguardei um pouco para conseguir acelerar nos últimos 2 kms, depois do último tunel.

O corpo não está dorido e estou pronto para as próximas. Domingo há já mais uma, também difícil, a Corrida do Aeroporto.

Nota final para a organização: a saída é horrível, já a deveriam ter alterado. Afunila imediatamente, é propícia a choques e quedas e demora a arrancar. Este ano a chegada foi dentro do Estádio. Bem mais giro, não haja dúvida, mas muito mais perigoso. A chegada é exígua e com a chuva, o piso está todo enlameado, potenciando quedas. A rever.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Campeão pelo Sporting!

Ontem, Domingo, passamos o dia inteiro no Pavilhão da Torre da Marinha, no Seixal, a representar o Sporting Clube de Portugal. Foram 10 horas seguidas, apenas intervaladas pelo almoço. Um dia longo, duro mas cheio de emoções e muito, mas mesmo muito andebol!

De manhã, tivemos Torneio de Bambis. Da parte da tarde, Torneio de Minis. O Zico é o mais novo e mais pequeno do grupo de bambis do andebol do Sporting. Participa também na equipa de minis mas, claro está, jogando menos tempo.

De manhã, o Zico foi sempre titular e totalista. Jogou o 1º jogo à baliza e os restantes 4 jogos como jogador de campo. Aplicou-se, correu, jogou e não deixou o adversário jogar. Conseguiu marcar 1 golo.

O Sporting venceu o torneio da manhã, de bambis, com 5 vitórias em 5 jogos. Na final, ganhou ao Almada com uma enorme reviravolta. Estando a perder por 2-6, virou o jogo para 11-7 levando o título de campeão.

Mesmo com crianças tão novas, diria dos 5 aos 9,10 anos, é impressionante a competitividade de algumas equipas, saudável nalgumas, péssima noutras (na minha opinião, claro está). Há miúdos que jogam de forma violenta e instigados pelos treinadores e o Sporting acaba sempre por sofrer por ser um Clube grande. Na final, houve mesmo um miúdo da equipa adversária que foi "convidado a sair" de jogo pelo árbitro. Saiu (que remédio!) e foi cilindrado pelo treinador que lhe gritava tudo o que se possa imaginar enquanto a criança ficava lavada em lágrimas. Uma violência sem justificação.

À tarde, com crianças mais crescidas, o Zico participou menos mas nem por isso esteve pior. O Sporting acabou por conseguir ficar em 4º lugar num total de 8 equipas. Destaque para o penúltimo jogo, contra o Benfica. A aplicação dos miúdos, já cansados, desgastados, foi total! A partida começou mal, o Benfica rapidamente se viu a ganhar por 0-3. Mas os nossos grandes andebolistas não desistiram e acabaram por cilindrar os lampiões por 11-3! O empolgamento antes e depois do jogo foi enorme! Antes por quererem defrontar e ganhar ao Benfica, no final por perceberem que tinham aniquilado os seus rivais. O Zico também participou na partida tendo ficado a defender um miúdo com o dobro da altura e 4 vezes o seu tamanho, sem exagero. O jogador do Benfica mal tocou na bola e o zico sacou-lha um bom punhado de vezes.


No final, uma medalha merecida, uma vitória ao Benfica que fica na memória e um dia cheio de experiências que acho que tão cedo o Zico não esquece.

Aproveito para agradecer aos treinadores e funcionários do Sporting. Se, enquanto Pai, eu fiquei 10 horas sentado num pavilhão a assistir a jogos de andebol, é bom não esquecer que esses treinadores e funcionários também são Pais, filhos ou irmãos, também trabalham e também têm a sua vida fora do pavilhão mas nem por isso desarmaram ou desistiram de ajudar o meu filho, os nossos andebolistas do Sporting. Obrigado!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

De volta às nossas 4ª feiras

Já vamos com 2 semanas e meia de aulas no novo Colégio. Tudo a correr bem, rotinas apreendidas e cumpridas, algum cansaço pelo meio, que há dias duros e longos, com aulas e treinos.

Vejo o Zico muito integrado. Contente, à vontade, vai sozinho para a sala, arruma as coisas nos sítios correctos, as auxiliares já o conhecem. Está contente, liberto. É o Zico que conhecemos!

A Rita está também rotinada. Hábitos de estudo completamente novos. Aprimorada nos apontamentos, organizada "como só ela", é um orgulho olhar para o seu dossier com os apontamentos que tira nas aulas, de cada disciplina. Nada disto se fazia no 4º ano. É um mundo novo que se lhe abre e vejo a Rita à vontade, disponível e interessada.

São crianças diferentes, muito diferentes, estes meus dois filhos. O Zico é mais expansivo. Relata cada dia do Colégio, os sucessos, as alegrias, as frustações. A Rita é mais contida, organizada, cumpridora. Fala menos do que faz mas, mesmo assim, tem sido fantástico com tanta coisa que nos conta!

E assim, hoje voltei às nossas 4ª feiras, empenhado em dar um ano diferente à Teresinha que ainda fica em casa. Quero que ela veja coisas novas, tenha novas experiências e possa "sair da toca". Hoje rumamos ao Oceanário!

Já lhe vinha dizendo, há dias, que hoje a levaria a passear a ver os peixinhos. Ela sabia perfeitamente que hoje era dia de passeio.

Lá fomos, logo pela manhã. Assim que entrou, ficou fascinada com o aquário e com tanto peixe que lhe passava pela frente!

Olhou, apontou, falou. Aproveitou tudo. Vimos as lontras, os pinguins, os pássaros. Passeamos pela floresta tropical, fomos parando em cada canto do aquário.

Só que a Teresa só tem 2 anos e o Oceanário é um pouco repetitivo. Uns 45 minutos depois, e a Teresinha já queria vir embora, cansada que estava de tanto peixe!

Valeu a pena. Valeu a pena mostrar coisas novas à nossa bebé que cresce rapidamente. Valeu a pena tirá-la de casa por algumas horas. Agora é pensar na próxima 4ª feira e onde a levarei.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A primeira semana do resto da vida deles

E que semana! Muitas emoções, medos, receios, nervos à flor da pele mas acabamos bem, felizes e satisfeitos.

Enquanto Pai deste meus dois mais velhos, termino esta semana, fundamentalmente, orgulhoso.

Orgulhoso deles. Conseguiram entrar num Mundo novo com calma, serenidade, aceitaram este desafio com mágoa no coração, é certo, mas com a força que a situação exigia. Foram uns verdadeiros heróis!

Permitam-me dizer, orgulhoso da Marta e de mim próprio. Enquanto Pais, não somos ansiosos, não sofremos por antecipação e procuramos "desmistificar" as coisas não as complicando e não elaborando nem desenvolvendo demais algumas conversas. E, sinceramente, acho que isto ajudou.

Foi um processo há vários meses iniciado, gradual, do qual fomos falando aos poucos. A verdade é que, na véspera, eles dormiram lindamente e foram para o Colégio calmos e sem qualquer tipo de nervosismo ou ansiedade. Volto a dizer, com mágoa e alguma tristeza no coração, que só passa com o tempo e com a habituação a novos amigos, novas brincadeiras e novos espaços.

Dois dias antes, a única coisa que lhes disse foi que sabia que ia ser difícil. Não lhes ia mentir, iam sentir que ninguém os conhecia e entrar em brincadeiras de meninos que já se conhecem, ia ser difícil. Só lhes pedi uma coisa: que não desistissem! Que não se escondessem, que não se acanhassem. Que arriscassem! Iriam conseguir.

E conseguiram! A Rita hoje saía da escola com uma amiga nova, à conversa. No recreio, fica à comversa com amigas, ainda um pouco acanhada. Vai ter tempo para descobrir todos os recantos daquele Colégio enorme! O Zico estava muito feliz, diz que conseguiu entrar numa equipa para participar num campeonato de futebol. Já na 4a feira me pedia para ficar mais tempo no recreio no fim das aulas. 

Pelo meio da semana, alguns sobressaltos, é certo, algumas "birras" totalmente justificadas pela enorme pressão emocional que estão a sentir. Nunca me zanguei, nunca ralhei, procurei ouvi-las todas e compreendi perfeitamente. Passaram rápido.

Esta semana procurei estar quase sempre ao pé deles, ouvir as suas histórias. E tanto que falaram e que contaram, caramba! Acho que nunca tinha ouvido a Ritinha a contar tantas coisas! A partir da próxima, largá-los-ei um pouco mais até voltarmos à nossa rotina familiar mais habitual e eu possa voltar de novo ao trabalho com mais dedicação, mais afinco, mais tempo e mais concentração. E voltar às minhas 4a feiras que a Teresinha também precisa de atenção, agora que voltou a ficar sem os irmãos em casa.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Recortes de um primeiro dia de aulas

"Pai, nem acredito! Estou numa escola nova, e não é só a visitar!", dizia a Rita.

"Hoje não brinquei nada!". "Não?", pergunto eu ao Zico. "Então o que fizeste?". "De manhã, arrumei o material, depois fomos brincar. Almoçamos e a seguir estivemos a brincar." Brincou pouco...

Fartaram-se falar. Contaram tanta coisa que às tantas já me perdia! Os 2 a falar ao mesmo tempo, a Teresinha que também os foi buscar, também ela a querer atenção. Tinha de pedir para terem calma e falarem à vez.

Pelo meio, o Zico chorou. Mudo. Calado. Chorou para dentro. As lágrimas em vez de escorrerem face abaixo, verteram para dentro. Estavamos no meio do trânsito. Parei o carro. Olhei para trás. "Chora à vontade. Chora o que tu quiseres. Podes chorar no meu colo o tempo que quiseres." Sorriu. Calou-se. Passou-lhe.

Foi um momento de mágoa que teve, de lembrança e de realização. Realizou que tem novos amigos, novos hábitos, novos espaços. Realizou. E pediu para ir à escola antiga um dia.

A Rita está muito contente! Muito, mesmo. Diz que assim que saímos, perdeu toda a vergonha. Fez amigas novas, sabe o nome delas e sente-se bem. Já fomos comprar o material em falta e já preparou a mochila de amanhã.

O Zico está... Nem sei bem. Talvez conformado seja a palavra que melhor o descreve. Aceitou a situação. Não está feliz mas também não protesta. Mostra os seus sentimentos qb e tenta adaptar-se.

Contas feitas, foi muito bom este primeiro dia. Eles sentem-se bem e isso é que importa.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

Detalhes de uma manhã de fim de Verão

A Marta já foi. Os primos já foram. Ficamos só os 4. Damos tempo para a casa de Lisboa ficar organizada. Ganhamos tempo antes de voltarmos à realidade.

Manhã calma. Sem gritos, sem correrias e tudo se faz mais depressa. Também é bom assim.

A Rita veste a Teresa, o Zico ajuda-me a temperar a carne para o almoço. Estamos todos disponíveis para nos ajudarmos. Saem os 3 e vão brincar.


Encontro-os lá fora, nos baloiços, à conversa, sossegados. 

É mesmo o fim de Verão a chegar...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Tasca do Alberto

Aqui perto de casa existe a Tasca do Alberto.

O Alberto é Homem da terra, genuino, esperto, trabalhador. Na sua tasca, a ementa é curta mas rica: caracóis, caracoletas, pica-pau e moelas. Bacalhau assado à 6a feira, só por encomenda que é um "lufa-lufa" ao prato, e frango assado ao Domingo. Muita imperial, muito boa disposição.

Eu gosto do Alberto, como gosto do Manel e das gentes daqui. Pus-me a pensar na melhor maneira de os descrever e só me lembrei disto: é gente que nos dá um aperto de mão com a mão suada. E eu gosto disso! É gente de trabalho, é gente para descomplicar.

O Alberto leva a vida com um sorriso, muita conversa e ciente das dificuldades. Tem 2 filhos. Do mais velho, rapidamente lhe vem a lágrima ao olho. "Tenho muito orgulho nele", responde logo. O filho, com 24 anos e uma licenciatura em design gráfico está em Londres, orientado. Leva uma boa vida, diz o Alberto. O mais novo, com 21 anos feitos, ainda tem o 12o ano para tirar. "Preocupou-se com as garinas em vez dos estudos, ficou para trás. Agora chora, já me chorou mas não há nada a fazer. Tem de trabalhar aqui comigo no café e pôr-se a caminho". E lá andava o miudo a trabalhar, o Alberto não lhe dá descanso.

Nas corridas que por aqui vou fazendo, mata adentro, encontro gente, muita, empoleirada em tractores, curvada de foice em punho. Uns olham desconfiados, outros cumprimentam. Eu cumprimento todos, antes mesmo de alguém me cumprimentar. É gente que merece respeito e admiração. Por aqui não há férias, não há praia nem piscina, há muita terra para trabalhar.

O Alberto, para além da sua tasca, tem muita vinha para tratar e trata de tudo. Não pede a ninguém, trabalha duro. Faz vinho. Vende vinho. Safa-se!

"E por aqui, há muito desemprego", pergunto eu? "Nem por isso, não há muito, mas o pessoal pôs-se a andar. Antes era o Rei das imperiais, vendia que era uma loucura, hoje vende-se pouco. Mas vai dando, vai chegando.".

Eu, que ando sempre preocupado com os números, a macroeconomia, as tendências e tudo o mais, adoro isto! Adoro falar com as pessoas, conhecê-las. Isto sim é o País. Isto sim é a nossa Economia. Real. Dura. Sofrida. Devia ser obrigatório a qualquer político, tirar pelo menos 1 semana por ano para andar por este Portugal para conhecer as gentes que governam.

Daqui a uns dias, terminam as férias. Levo este sítio sempre na minha cabeça, nas minhas memórias e olhando o calendário para o fim-de-semana em que poderemos estar de volta. Este ano, levo o Alberto como exemplo do que posso e devo fazer durante o ano: trabalhar mais, encontrar soluções, safar-me. A vida está para isso.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

O início das nossas férias

As férias vão longas para os meninos, as nossas começam agora.

Depois de fute, praia com a escola e 3 semanas com os Primos, começamos agora a nossa "aventura" de férias, só os 5.

Mixed-feelings para o Zico. "Quero ir e não quero ir", dizia ele, já com saudades dos Primos ainda antes de partir.

Na 1a noite, a eterna discussão sobre onde jantar. Os meninos gostam do buffet do Hotel, cuja qualidade deixa sempre algo a desejar mas acabamos lá sempre!

Desta vez resistimos e convencêmo-los a ir experimentar outros sítios (principalmente o Zico). 1a tentativa falhada, sem mesas; 2a tentativa falhada, muito tempo à espera para nos sentarmos; à 3a foi de vez.

Rapidamente entendi o porquê de optarmos pelos buffets dos Hotéis: a Teresa não sabe esperar, não para quieta e faz imenso barulho. Um stress!!!

Assim, o meu primeiro objectivo pós-férias já está tomado: ensinar a Teresinha a estar sentada à mesa, a esperar sossegada, sem gritar. Será possível?

Com os 2 mais velhos foi fácil, sempre souberam estar sossegados à mesa, sabiam esperar e respeitavam o silêncio dos outros. Com a Teresinha, tal coisa parece ser impossível...



domingo, 10 de agosto de 2014

A maluquinha dos caracóis

A grande revelação deste Verão: a verocidade com que a Teresinha devora caracóis!


Já aprendeu a comê-los: chupa o caracol, sabe que a casca não se come, põe as cascas todas de lado e já começa a tentar tirá-los com um palito. Este e o próximo passo, ensiná-la a tirá-los sozinha. A Marta não faz mais nada senão puxar o caracol para fora para a Teresinha os chupar.


Toda a gente fica admirada. Ate hoje, uma Sra. que estava na mesa do lado com os filhos se meteu com ela, tal a admiração em ver um bebé a comer caracóis.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

5 sinais de que estás a ficar mais velho

Ultimamente tenho andado com uma certa atenção a sinais que mostram que realmente estou a ficar mais velho, uns mais marcantes que outros. Começo a lembrar-me das queixas dos meus Pais e Tios, na altura aquilo parecia-me isso mesmo, queixas, lamurias. Agora, nem tanto.... senão vejamos:

1) Trocar os nomes dos filhos

O meu favorito! Agora entendo o porquê da minha Mãe me chamar sempre João e Nuno antes de acertar no meu nome. Já não há 1 dia em que não troque os nomes dos meus filhos, inclusive, chamar Teresa ao Zico!

2) Não dormir uma noite de seguida

Sinto isto desde que a Teresa nasceu. Os primeiros meses foram difíceis. Adormecia, acordava umas 2, 3 horas depois com a Teresinha e tinha muitas dificuldades em voltar a adormecer. Mesmo depois dela começar a dormir a noite toda, eu continuei com este ritmo.

Antes, voltar a adormecer era imediato! Quando a Rita ou o Zico acordavam de noite, ia à cama deles, voltava para a minha e adormecia na hora. Com a Teresinha, já não é bem assim...

Ainda hoje não durmo uma noite completa de seguida, é normal acordar a meio da noite. Mas, felizmente, volto a adormecer.

3) Ter dores nas cruzes

Estas já as tenho, principalmente depois de umas quantas horas com a Teresinha ao colo. Às vezes já me custa a baixar, a curvar, até a mudar uma fralda à Teresinha. Bons tempos em que os músculos duravam e duravam...

4) Aproveitar as caixas para tupperware

Não o faço, atenção! Mas quando começar a fazê-lo, acho que é um grande red flag. Sabem do que estou a falar, de certeza. Compramos imensas coisas no supermercado que vêm em caixas que, depois de lavadas, dão excelentes tupperwares. Ainda não caí nessa tentação.

5) Reutilizar sacos de plásticos

Esta é clássica. Lavar os sacos de plástico, pendurá-los a secar para depois os reutilizar. Provavelmente será uma actividade altamente defensável por aqueles que são mais ambientalistas mas a meu ver, é um enormíssimo red flag! Enorme sinal de velhice. Também ainda não o tenho.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

As nossas férias - Parte I

Estamos de volta à Praia da Areia Branca. Há cerca de um ano, começava a escrever aqui no blog e explicava a nossa anual mudança de casa. Já cá estamos, desde Domingo passado.

O tempo não tem ajudado muito nos últimos dias, a praia tem sido quase nenhuma, salva-se um mergulho na piscina, uma ida ao parque infantil, um jogo de mini-golfe. E muita, muita brincadeira, jogos, correrias e acção!

A rotina tenta-se que seja simples mas torna-se complicada quando percebo que os meninos começam a estar aborrecidos. Aí tenho de agir, prejudicando o trabalho. Ontem, mesmo com mau tempo, peguei neles e fui para a praia. Mudam de ares, brincam e o tempo passa melhor e mais depressa.

Este ano puderam trazer um amigo cada, estão contentes e mais distraídos. Os primos, também, não tardam a chegar!

E assim se passam os dias... entre trabalho, um gelado, um chuto na bola ou uma cambalhota... bem melhor que estar fechado em casa em Lisboa, em frente a uma televisão ou gadget!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

As referências dos nossos filhos

A propósito da morte de Rui Tovar e de um post que um grande amigo colocou noutro blog, o Malomil, sobre as suas lembranças do grandíssimo Mundial de 82, levou-me a escrever este post e a pensar nas nossas referência de infância.

Quem é da minha geração ou ligeiramente mais velho, com certeza se lembrará do Campeonato do Mundo de 82, do Naranjito, das espanholadas. Quem gosta mesmo de futebol, de certeza se lembrará do grande Sócrates, do Zico e daquela maravilhosa Selecção do Brasil que acabou por se tornar numa enorme desilusão.

Mas este post não é (bem) sobre futebol. À conta da morte do Rui Tovar, quem muito apreciava ouvir, pus-me a pensar nas minhas referências. Sim, porque inevitavelmente, Rui Tovar é uma referência no futebol em Portugal, e uma referência para mim.

Na verdade, nós vamos construindo a nossa personalidade de certa forma ancorados em referências, em pessoas, em imagens e em ideais que vamos apreendendo e absorvendo ao longo do nosso crescimento, sendo essas referências mais ou menos fortes, mais ou menos marcantes.

Para muitos de nós, independentemente de gostos, tendências ou preferências, pessoas como Thatcher, Jacques Delors, Miterrand, Helmut Kohl, Cavaco Silva, Álvaro Cunhal, Mário Soares, Maria de Lurdes Pintassilgo, entre tantas outras, ou mesmo figuras da nossa infância como Tintim, Heidi, Pipi das Meias Altas, Tom Sawyer, Charlie Brown, marcaram-nos. Os jogos a que jogamos, a forma como interagimos com os amigos, tudo isto nos moldou.

O ponto a que quero chegar é este: quem são as referências dos nossos filhos? A Violeta? O Passos Coelho, Sócrates, Obama? Inazuma Eleven?! É que na falta de outra coisa, temos sempre tendência para nos agarrarmos às nossas referências e olhando para as dos nossos filhos, fico de certa forma assustado.

Pessoalmente, nunca fui muito de criar grandes ídolos ou de seguir religiosamente alguém. Tento pensar pela minha cabeça.

A minha primeira referência é, e sempre foi, o meu Pai. É nele que estão ancorados os meus mais profundos valores e ideais. É isso que me segura. O que me leva a pensar que se o meu, o nosso trabalho for bem feito, "Violetas" à parte, a coisa há-de-lhes correr bem. Venham os Sócrates da vida que eles saberão distinguir quem deve ser referência, e quem com certeza não deve.

É como diz uma pessoa que muito admiro: «Não desista. Nunca desista de lhes enfiar na cabeça. Pode demorar a entrar mas entra e quando forem crescidos, hão-de lembrar-se do que lhes disse.».

Acho que é questão de nós, Pais, não desistirmos de ser... Pais.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Cu a Tê

A Teresa percebe tudo o que dizemos. Tudo, mesmo. Basta ouvir-nos a combinar seja o que for, responde logo: «Cu a Tê!», que basicamente significa, «Com a Teresa».

«Rita, vens comigo ao Pingo Doce?», logo aparece a Teresinha, «Cu a Tê!».

«Querem que vos vá buscar à escola?», a Teresa responde de imediato, «Cu a Tê!»

Na semana passada, passei mais tempo que o normal com a Teresa. A nossa empregada ficou doente e assim fiquei com ela na 4ª de manhã (como já é normal), na 5ª e também na 6ª feira de manhã. Eu saía, ela saía comigo.

Hoje de manhã, nem precisei de dizer nada. Assim que me viu vestido, pronto para sair, começou logo a disparar: «Cu a Tê, cu a Tê!!!». Hoje, desde há muito, apertou-se-me o coração. Não queria ficar em casa. Queira mesmo sair, vir comigo.

Mas está quase, estamos quase de férias e vai estar comigo, connosco, algumas semanas. Ao ar livre, com os Primos, na praia, na piscina. Vai ser um fartote. E sempre, sempre cu a Tê!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pai, posso?...

Lá em casa, existem 3 níveis diferentes de pedidos a fazer ao Pai, ou seja, a mim:

  • Nível Rita: «Pai, posso?...». «Agora não, Rita». «Está bem.». Vira costas, vai embora e rapidamente faz outra coisa qualquer;
  • Nível Zico: «Pai, posso?...». «Agora não, Zico». «Oooh... mas porquê? Vá lá! Eu queria tanto...». »Já disse que não, Zico, não insistas!». Às vezes insiste mais e consegue o quer. Outras vezes aceita a resposta. Emburra umas, maior parte das vezes vai à vida dele;
  • Nível Teresa: «Pai, pó?...». «Agora não, Teresa». «BAAAAAH!!! A Tê qué!!!». Maior parte das vezes, cedo logo, dou-lhe o que quer, viro costas e vou à minha vida. Algumas vezes, insisto no não, levo um grito ainda mais estratosférico e acabo por ceder. Poucas, muito poucas vezes, insisto e mantenho o não.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

O fim de um ciclo

A Rita termina hoje o seu 1º Ciclo Básico. É finalista. Termina também hoje um "ciclo" de 7 anos. Data importante e simbólica, quer para os meninos, quer para mim.

Em Setembro de 2007, a Ritinha entrava na escola pela primeira vez, perto de fazer 3 anos. Em Setembro de 2007, eu despedia-me da empresa onde trabalhava, entrava no ISCTE para fazer um Master e iniciava uma nova aventura. Tinhamo-nos preparado, nos 6 meses anteriores, para esta mudança.

Ainda me lembro muito bem daquele primeiro ano de escola da Ritinha. Como tinha tempo, às vezes ficava um pouco por lá, brincava com os miúdos. Lembro-me que um dia, educadamente, fui convidado a sair...

Passados 7 anos, muita coisa mudou, naturalmente. A Rita, aqui há dias, já chorava de nostalgia. Afinal, sempre é um longo período na sua vida, sempre junto dos mesmos amigos, as mesmas rotinas, as mesmas professoras, o mesmo ambiente contido, reservado, indicado para as crianças mais pequenas.

A partir de Setembro, um Mundo novo se abre à sua frente. A entrada numa nova escola, a descoberta de novos amigos, professores, espaços diferentes, outras rotinas. O Zico segue-lhe, também ele mudará de escola, para a mesma onde a Rita vai.

Vão os dois para o meu Colégio de sempre, o Sagrado Coração de Maria. Depois de muito pensarmos, de visitarmos Colégios, de ponderarmos prós e contras, lá decidimos pelo Sagrado. Vai ser uma mudança muito grande para 2 crianças que estão habituadas a um espaço pequeno e reservado. Só no 5º Ano, a Rita irá encontrar mais crianças que todas as que a sua escola agora tem.

Agora, férias. É aproveitar. Quando voltarmos, logo nos começamos a preparar para a mudança. Espero conseguir estar totalmente disponível, mental, física e temporalmente, para os acompanhar de início. Tento sempre reservar a 1ª quinzena de Setembro para poder estar mais perto deles. Tento nunca estar fora nem agendar reuniões para poder estar totalmente disponível. Mais do que nunca, este ano eles vão precisar.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Bela maneira de se entreterem

Ontem pedi-lhes para não verem televisão, nem jogarem i-pad, nem playstation... Nada!

Um fim-de-semana em cheio, com festas, muita actividade, desporto e jogos, pedia uma 2a feira mais calma.

"Façam qualquer coisa", pedi-lhes. "Leiam, brinquem com a Teresa, qualquer coisa, mas sem televisão nem i-pad!".

Chego a casa, e encontro isto! Bela maneira de se entreterem... Encheram-me os móveis de autocolantes! Ainda estou para ver se a Marta não se passa...


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Parece que escolhi bem...

Um estudo realizado pelo Jornal Reproductive Sciences diz que as mulheres bonitas têm maior probabilidade de terem filhas, igualmente bonitas. As menos bonitas, terão maior probabilidade de ter filhos rapazes.

Não sei qual a profundidade deste estudo, nem sequer a sua veracidade. Mas sendo verdade, parece que escolhi bem. Dos 9 netos que os meus sogros têm, 3 são raparigas, 6 são rapazes. Duas raparigas são minhas... é fazer as contas!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Felicidade simples e genuína

As crianças são honestas, claras e directas. Não têm 2 caras. E isso, tanto tem de bom, como de mau.

A Teresinha fez ontem 2 anos. Acho que não entendeu que era o seu aniversário, não sabe sequer o que isso significa. Mas tenho a certeza que percebeu que era um dia especial, diferente, e que as atenções estavam centradas nela.

Recebeu as visitas dos Avós, teve presentes que adorou, a Mãe e o Pai chegaram mais cedo a casa, os irmãos deram-lhe mimo, teve um bolo, comeu guloseimas, apagou as 2 velas, foi jantar fora, deitou-se na cama agarrada aos presentes. Coisas simples que mostram que é possível uma criança ser feliz com pouca coisa, desde que com grande simbolismo e com a companhia de quem os ama.

A Teresa, ontem, foi honesta. Sorriu o tempo todo, distribuiu beijos, gargalhadas, abraços. Esteve sempre bem disposta. Não lhe vi uma birra, sequer.

No restaurante, olhava e dizia: «Avó! Duas!». Felicidade a duplicar, basicamente.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Dois anos a (re)aprender a ser Pai

Há 2 anos nasceu a Teresa. Sem rodeios, sem máscaras, sem falsidades, não tenho nenhum problema em dizer que o início foi difícil e não correu bem.

Há 2 anos, a Rita e o Zico já eram autónomos. A Marta e eu tínhamos já passado a fase mais "intensa" de ser Pais. Era como se já tivéssemos a nossa vida de volta. Mas decidimos ter mais um filho.

No dia 19 de Junho de 2012, chegou a Teresinha. Fomos tranquilos para o Hospital. Afinal, era o 3º filho, já sabíamos tudo. Nada me preparou para o que aí vinha. Género, Selecção Nacional a entrar em campo contra a Alemanha, peito feito, não é preciso correr, somos os maiores. Levamos 4 secos! Uma lição. A Teresa dá-me várias, todos os dias.

Foi o único parto a que assisti. Foi o único filho que tive com o qual não passei todos os dias na maternidade, tendo sido substituído pela minha cunhada Rita durante uma noite. Foi também a primeira vez que não dei o primeiro banho, não mudei a primeira fralda. Foi, assim, claro que a Teresa chegava e as coisas seriam diferentes. E foram.

O Verão foi óptimo. A Marta esteve sempre connosco na Areia Branca. A Teresa, essa, fez logo questão de mostrar ao que vinha: pulmões bem abertos, vontade firme de se afirmar no meio de muita gente. E mais não largou essa sua vontade. Lembro-me bem, logo bebé, de dizer à minha Mãe que a Teresinha era diferente, era um bebé mais exigente e ia dar mais trabalho que os outros. Dito e feito.

De volta de férias, com trabalho, muito pouco sono, cansado, exausto mesmo, entreguei a Teresa nos braços da Marta. Literalmente. A Teresa passou o Inverno no colo da Mãe. Ainda bebé, ficou doente, a arder em febre, a Marta esteve umas boas 72 horas com a Teresa no colo. Sem exageros.

São destes pequenos pormenores que se constrói uma relação. Não é por acaso o amor, a adoração que a Teresa tem com a Mãe, algo que a Rita e o Zico, nesta idade, não tinham. É uma relação muito diferente. E assim foi até terminar a licença da Marta.

Faço todo este preâmbulo porque nem tudo são rosas no nascimento de um filho. Nem sempre as coisas correm bem. Nem sempre estamos disponíveis. Com a Teresinha, eu não estive. A cabeça não estava disponível, o corpo não estava preparado e quebrou.

No Natal de 2012, a Marta volta ao trabalho. Decidi que ficaria uma manhã, por semana, em casa com a Teresinha. Estaria, assim, mais tempo com ela, a transição seria mais suave. É assim que nascem as 4ª feiras. Não me perguntem como nem porquê. Ninguém me pediu. Ninguém me obrigou. Ninguém me sugeriu. Achei que era essa a minha missão. Tinha assumido a missão de ser Pai em 2004, quando a Rita nasceu, não seria agora que iria desistir.

Hoje, passado 1 ano e meio, não concebo a minha vida sem a Teresinha. É rabugenta, desobediente, mal-encarada, exigente, mandona, acha que tem direito a tudo, grita por qualquer coisa. Mas é um doce. E ensinou-me muitas e muitas coisas novas.

Ainda a semana passada, por qualquer razão, a Marta olha para mim e diz-me: «Já não te conheço como Pai!». A Teresa teve esse dom (sim, é um dom): de me mostrar que não há coisas certas no Mundo e que temos de nos adaptar. Somos todos diferentes e exigimos coisas diferentes dos outros. E nós devemos ter essa capacidade de adaptação. Não é fácil.

Com a Teresa aprendi a ser mais condescendente, menos exigente, a relevar certas coisas, a deixá-la ser como é. Tento não lhe diminuir a sua vincada personalidade. Mas sempre, sempre mostrando que sou o Pai, que há limites. Não lhe dou tudo o quer, não lhe faço todas as vontades. Mas dou-lhe muito mais lastro e margem de manobra que dei à Rita e ao Zico.

Todos os dias a Teresa surpreende-me. Dá-me coisas novas. Tem um sorriso lindo, uns caracóis nunca vistos, um abraço que me enche os ombros, um beijo sem igual. Chego a casa e ela corre sempre corredor fora, braços bem abertos, para me receber. Alto e bom som, grita «PAI!!!».

Tenho algumas dificuldades em descrever a Teresa e o que sinto por ela. Como tudo começou e como tudo está agora. É uma grande companheira. Faz-me muita, muita companhia. Passamos muito tempo juntos. Zangamo-nos, rimos, brincamos, passeamos. Dou-lhe muito colo. Dou-lhe muitos beijinhos. Aperto-a!

Enquanto escrevo este post, leio noutro sítio: «Pure love has no conditions or boundaries. Love does not restrain itself or hold back. Love gives all the time and doesn't ask for anything in return. Love is a continuous flow without any limits. And all of this is inside you.» Se calhar é mesmo "só" isso, amor.

Esta é a Teresa. Maria Teresa, para o Pai. Só podia!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Mais uma corrida, mais uma viagem

Sábado, dia 07, última etapa do BES Run Challenge. Depois de ter falhado as 2 primeiras corridas e, com algum sofrimento, ter conseguido completar a prova da Costa de Caparica abaixo dos 50 minutos, faltava agora a prova de Lisboa.

Percurso plano, bem conhecido, de tantas vezes que já corri à beira-rio. A única dificuldade que teria de ultrapassar seria o meu próprio cansaço e a má forma que atravesso. A minha busca em melhorar tempos e ser mais rápido, com pouco tempo de treino, anda a pesar no corpo.

De qualquer forma, mesmo com os treinos mais ligeiros que tenho tido e apenas 3 semanas de recuperação, fui disposto a tentar fazer o melhor possível, fosse o que fosse.

Bom início de corrida, rápido, senti-me muito bem. 3 kms depois, com um ritmo a rondar os 4.40 mns/km, ia tranquilo. Assim fui até ao 2º abastecimento. Fiz 7 kms em pouco mais de 33 minutos e o andamento apontava para um tempo a rondar os 47:30 mns até final da prova, o que me deixava muito satisfeito. Longe do meu melhor, mas satisfeito dadas as circunstâncias.

Só que depois do 2º abastecimento, o corpo foi-se... cansado, muito cansado, sem conseguir manter o ritmo, fiz os últimos 3 kms já em claro sofrimento. Os 8 kms, passei-os ainda abaixo dos 39 minutos mas a perder velocidade. Tinha feito o último km acima dos 5 mns/km. Até final, foi sempre a baixar o ritmo.

Meta cruzada, com um tempo de 49:27, mesmo assim abaixo dos 50 minutos. Final sofrido, pernas doridas, mas objectivo alcançado de manter as corridas abaixo dos 5 mns/km. Lugar 899 em 2.777 participantes, mantive-me no 1º terço de participantes. Baixei bastante no meu escalão (V40) com o lugar 201 em 486 participantes.

Mas o corpo tem coisas curiosas: na corrida da Costa de Caparica, senti uma quebra bem antes, por volta dos 5 kms. O sofrimento foi mais agudo. Em Lisboa, senti-me muito melhor, mais rápido, com uma quebra mais tardia. No entanto, olhando para os tempos, fiz mais 10 segundos nesta prova e cruzei os 5 kms, 34 segundos mais tarde. Sempre me senti melhor na prova de Lisboa mas piorei o tempo em relação à prova da Costa de Caparica. Ainda não consegui entender bem porquê.

Agora não tenho mais provas nos próximos meses, vem aí o Verão. É aproveitar para treinar bem, com mais tempo. Desde a meia-maratona em Março, o tempo e qualidade de treino têm sido algo prejudicados por causa das provas que fiz (3 em menos de 3 meses). Espero conseguir recuperar bem, ficar mais veloz para a partir de Setembro conseguir bater o meu recorde dos 10 kms que ainda está nos 46 minutos.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O Bluff do Ed Sheeran

Ou a 1ª vez que a Teresinha dormiu fora de casa, sem nós. Mas gostei mais do outro título.

Na 5ª feira passada, a Marta e eu fomos ao RIR 2014 ver os Rolling Stones. Bilhetes de borla, couldn't miss it! Questão da praxe: o que fazemos aos miúdos? São 3, ninguém fica com 3!

Nota 1: Este é um dos problemas em ter 3 filhos. Quando tínhamos 2, havia sempre alguém disponível para ficar com eles. De sorriso na cara, com gosto, de portas abertas. «Claro que ficamos com eles, é um prazer, são uns queridos, fazem imensa companhia!» Chega o 3º filho e, repentinamente, sem aviso prévio, as portas das casas dos outros, fecham-se! «Com os 3... não sei... a Teresinha dorme de noite? E se chora? Com 2 ainda ficamos, mas com os 3...». Baahh! Medricas!

Voltando à questão: a Teresinha nunca dormiu fora de casa. Chamamos alguém para vir para cá? E acordar no dia seguinte, às 07h, mal dormidos?!

A Marta lá convenceu a Mãe dela que se aventurou a ficar com os 3. À parte o facto da Teresinha, ao que consta, ter aterrado de cabeça na banheira, tendo o Zico de a ter puxado pelo rabo para a tirar de lá, tudo correu bem. A Ritinha ajudou a irmã a adormecer e assim a 1ª vez da Teresinha, a dormir fora de casa, sem os Pais, foi um verdadeiro sucesso!

Mas e que raio tem o Ed Sheeran a ver com tudo isto? Simples. É que no Sábado, voltamos ao RIR 2014. Mais bilhetes de borla, há que aproveitar! E assim, saímos à noite, desta vez com mais calma, fomos mais cedo, sempre aproveitamos mais algum tempo a 2.

Bebe-se a maior quantidade de cerveja que é possível a um individuo de 40 anos, Pai de 3 e que raramente tem um tempinho a 2, seja onde e de que forma for. É aproveitar! Nunca se sabe quando se volta a ter oportunidade igual.

Nota 2: Sim, não duvidem. Ser Pai de 3 filhos significa aproveitar os momentos sem os filhos para beber, fumar, beber, fumar. Chega-se aos 40, Pai, responsável, para isto: tempos livres servem para beber! Enfim...

Voltando ao Ed Sheeran: em conversa com outra Ritinha, 9 anos, filha de um amigo, diz ela enquanto olha para uma televisão: «Ele está a fazer bluff...». «Bluff, Ritinha?», pergunto eu. «Sim, bluff!».

Huuum... bluff... já sei! «Queres dizer, playback, não é Ritinha?». «Sim, playback!».

Já agora, quem é Ed Sheeran? Não ouvi... deve ter sido das cervejas!