quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quando devemos dar um telemóvel aos filhos?

A Rita fez 10 anos na semana passada. Desde há algum tempo que nos anda a pedir um telemóvel e, legitimamente, tinha a expectativa de receber um como presente de anos. Praticamente todas as amigas do Colégio têm um e a Rita também quer. Nós não lhe demos o telemóvel e a Rita ficou desolada!

Ao que parece, está instituído na sociedade que os 10 anos são a idade para um Pai dar um telemóvel ao filho. Entra para o 5º Ano, tem de ter um telemóvel. Pessoalmente, não entendo bem esta regra...

Um telemóvel é um bem de necessidade. Não é um brinquedo, apesar da evolução tecnológica cada vez permitir mais que um telemóvel seja isso mesmo, um brinquedo. Mas não é. O uso que, lá em casa, damos ao telemóvel é fundamentalmente profissional: chamadas, sms's, e-mails, notícias.

Sendo um bem de necessidade, será mesmo que crianças de 10 anos têm a necessidade de ter um aparelho para que possam estar SEMPRE contactáveis? Mas mais do que isso: nós, Pais, precisamos MESMO que os nossos filhos tenham de estar SEMPRE contactáveis?

Esta parece ser uma das principais razões para os Pais darem um telemóvel aos filhos. Entram para o 5º Ano, estão mais autónomos, vão para escolas de maior dimensão, torna-se mais fácil encontrá-los ligando-lhes para o telemóvel.

Outros, darão um telemóvel, se calhar, como forma de "compensação" por passarem pouco tempo com os filhos.

Na realidade, havendo uma qualquer urgência, ligo para o Colégio e falo com os meus filhos, e vice-versa. Quando estão fora, em actividades, também arranjamos forma de nos contactarmos, se necessário, e já passamos por essa experiência. Por isso, nós não sentimos essa necessidade de termos a Rita sempre contactável. Mais, não o desejamos! Queremos que ela tenha a sua liberdade, a sua autonomia e não queremos estar em permanente contacto com ela. Há um espaço próprio para falarmos, que é em casa, em família à hora do jantar ou depois do jantar.

Mais ainda, confiamos na Rita. Confiamos no seu julgamento, confiamos nas decisões que toma e não precisamos de saber tudo o que faz, quando faz, como e com quem faz. Respeitamos a sua privacidade e autonomia e preocupamo-nos em dar-lhe a responsabilidade de ser autónoma e de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.

Naturalmente, não temos certeza sobre este assunto. O que será melhor? Privá-la de um telemóvel, privilegiando outras coisas ou dar-lhe um telemóvel facilitando, assim, a sua integração junto do grupo de amigas? Será benéfico para a Rita ser a única que não tem um telemóvel?

Há muitas perguntas e diferentes respostas. Mas nós, enquanto Pais da Rita, para já mantemos a nossa posição: é preferível não ter um telemóvel e não estar agarrada ao aparelho. Preferimos que ocupe o seu tempo livre a brincar, a conversar, a interagir com outros, a puxar pela cabeça para se distrair. Em casa, preferimos sentar-nos à mesa a jantar e a contar as peripécias dos nossos dias, privilegiamos que a Rita brinque com a Teresinha, em vez de andar preocupada se tem ou não alguma mensagem ou chamada de alguma amiga.

Ontem acabamos por conceder uma entrevista à Revista Visão sobre este mesmo assunto. Veremos como sai a reportagem e a nossa perspectiva sobre o tema.

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