segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parabéns Zicadas!

O nosso Zico faz hoje 8 anos! Oito maravilhosos anos de uma grande companhia que eu arranjei.

Francisco, de seu nome, foi a Rita, irmã mais velha, que o baptizou de Zico, tal como contei no ano passado.

Este é um dia sempre especial para o Zico. Ele vive 1 ano a pensar no seu dia de aniversário, no que pode fazer, quem vai convidar, onde vai ser a festa, que presentes quer. Vive intensamente o período de preparação: pensar no local da festa, fazer os convites com a Marta, escolher os amigos que quer convidar, listar os presentes que quer receber.

Este ano, claro está, não foi diferente e com alguma negociação, o Zico vai ter a festa que quer e gosta. Mas disso, darei conta depois do dia da festa...

O Zico é muito, muito especial. Na verdade, todos os meus 3 filhos são especiais, por razões diferentes. A Rita, mais velha, a primeira, menina, com quem conversei horas a fio; o Zico, primeiro rapaz, companheiro de bola e de treinos; a Teresa, mais bebé, refilona e impositiva, que me fez (re)lembrar o bom que é ser Pai. Mas voltemos ao Zico.

É, na verdade, um rapaz muito especial. Tem um coração doce, um fundo de manteiga, bem escondidos lá dentro daquele corpo franzino. Este último ano não foi fácil, fundamentalmente devido à mudança de escola. Tem sido valente, tem feito um esforço para se adaptar, para arranjar novos amigos, para se habituar a um novo espaço e novas pessoas. E isso fê-lo crescer. Cresceu muito este meu Zico. Um crescimento com dor mas também sem dor não tem piada, e acho mesmo que não existe!

Fico impressionado com a forma como chega a casa depois de ter aula de Educação Moral no Colégio. Fico impressionado com a forma como ele se impressiona com as histórias que houve, os vídeos que vê e com o que o Zé Pedro lhe relata de famílias com dificuldades, com bebés sem Pai nem Mãe, com pequenas histórias e contos da Bíblia. O Zico sente estas coisas, interioriza, aprende e cresce. Não esquece.

Fico impressionado com o debitar de matéria que o Zico apreende de imediato. Num dia aprende uma coisa nova, à noite, em casa, à mesa de jantar, é capaz de debitar tudo o que de novo aprendeu.

Fico impressionado com a sua tristeza. Muitas vezes, desde que chegou ao novo Colégio, já chorou. Várias vezes o encontrei a chorar no recreio. O Zico leva as coisas muito "a peito", teme que não gostem dele, que não queiram com ele brincar. O Zico não consegue relevar nada, tudo para ele conta, tudo para ele é importante.

Zico, filho, para o Pai és muito importante! E é, para mim, uma grande sorte poder ter a tua companhia todos os dias: de manhã, na ida para o Colégio; no fim-de-semana de Metro para o Estádio; ao Sábado de manhã, para os treinos de andebol; às 3ª feiras, de noite, mesmo à chuva, para os treinos de futebol; à noite, em casa, todos os dias. Acredita que és importante! És importante para mim, para a Mãe, para a Rita e para a Teresa. Tu importas nas nossas vidas.

Parabéns, Zico!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

E tu, o que mudarias?

Já partilhei no facebook o texto que o Zico escreveu, num trabalho de Português, sobre o que mudaria no Mundo. Começava assim:

«No Mundo, eu mudaria o Benfica, o SLB passasse a ser o sítio da lixeira de Benfica para os sportinguistas ficarem mais contentes e os do Benfica no lixo.»

Ele escreveu isto da cabeça dele, não julguem que o influenciei! Apresentou-me o texto feito, nem sabia que tinha este trabalho para fazer. Mas na altura, o texto ficou assim porque tivemos de sair e teve de o deixar a meio.

No dia seguinte, terminou os trabalhos, tendo igualmente completado a sua redacção sobre o que mudaria no Mundo. Quando leu em voz alta, fiquei algo impressionado.

Para além da lixeira de Carnide, o Zico escrevia que, se pudesse, tornaria todas as escolas do País em escolas públicas, para que a Mãe e o Pai não gastassem tanto dinheiro com a escola dele e da irmã.

Achei fantástico que ele já entenda este conceito de público vs. privado. É verdade que falamos várias vezes sobre isso mas não deixa de ser curioso que uma criança de 7 anos tenha compreendido a diferença entre ambos.

Perguntei-lhe porquê. Porque achava ele que as escolas deveriam ser todas públicas? Respondeu-me que achava que gastávamos dinheiro a mais. Que tinha receio que o dinheiro acabasse. E depois? O que iríamos comer? Onde iríamos viver?

Claro está, tranquilizei-o. Não tinha de se preocupar com isso. Mesmo que o dinheiro acabasse, arranjávamos uma solução, desde que estivéssemos juntos e fossemos felizes. O Zico olha para mim, e diz: «Bolas! Agora vou ter de apagar tudo e escrever outra vez!». «NÃÃÃO Zico!!! Nunca! Fizeste tudo bem, não apagues uma linha que seja. Está fantástico!», respondi-lhe eu.

O Zico é uma criança curiosa. Joga à bola, faz asneiras, tem a cabeça no ar, ri, chora, faz birras. É uma criança como as outras. Mas tem um fundo doce, carinhoso e preocupado. Sem malícia. É atento aos pormenores da vida, da sua vida. Apreende os conceitos. E, pelos vistos, não esquece o que lhe ensino.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Corrida do Jamor 2014

Inscrevi-me na prova de 10 kms da Corrida do Jamor deste ano. Reparei que havia uma caminhada/prova de 3 kms e decidi inscrever a família toda (menos a Teresinha, claro está).

Confesso que a notícia não foi muito bem recebida pela Rita e pelo Zico que não mostraram grande interesse em participar. O Zico, então, ficou logo furioso! «A Mãe não corre nada e eu quero correr depressa e a Mãe não me deixa!», logo refilou. Assim, eu abdiquei de participar na minha prova de 10 kms para acompanhar o Zico na prova de 3 kms a um ritmo superior ao das meninas, que iriam mais atrás.

(Foto retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Equipados a rigor, cada um com o seu dorsal, lá fomos para a corrida. A Rita logo tratou de transformar a sua t-shirt num kit altamente desenvolvido. Com uma tesoura, cortou a t-shirt e transformou-a por completo. Com os restos, fez uma gola para o pescoço e uma fita para o cabelo.

Arranca a prova. Início da corrida dentro do Estádio Nacional, dando uma volta à pista. Desde logo, eu e o Zico avançamos por entre os concorrentes que iam à nossa frente, inclusive os participantes dos 10 kms.

Eu seguia sempre à frente, para "desbravar o caminho", o Zico seguia as minhas pisadas.

Corremos sempre a um bom ritmo, por volta dos 6 mns/kms. Pelo caminho, ia perguntando ao Zico se estava cansado, respondia que não. 1º km feito nas calmas com parte do percurso a descer. Entramos no parque do Jamor.

Por entre poças de água, piso enlameado e outros participantes para ultrapassar, lá continuamos a nossa corrida. «Estás cansado, Zico? Podemos abrandar, se quiseres». Respondeu sempre que não. Nunca abrandou o ritmo.

(Fotos retirada da página de Facebook do site www.friends2run.pt)

Chegamos ao 2º km, falta apenas 1 e iniciamos uma subida num trilho, de volta ao Estádio Nacional. Abrandamos o ritmo, a subida era íngreme e o piso acidentado. Chegados lá acima, pergunto ao Zico: «Vamos acelerar agora até à meta?». Responde que sim. Só que a meta não era onde achávamos que era e à entrada do Estádio Nacional, havia ainda uma volta inteira a dar à pista. Cansado, o Zico pediu para abrandar, o que fizemos. Com mais calma, aceleramos só já nos últimos metros. Acho que fomos dos primeiros a chegar.

A prova, que afinal foi de 3,5 kms e não de 3 kms, terminámo-la em 20:33, com um ritmo médio de 05.53 mns/km.

As meninas chegavam uns 8 minutos depois, também elas "enganadas" com o local da chegada. Tiveram ainda de andar na pista para depois arrancarem em grande passada até à meta.

A Rita chegou primeiro, a Marta logo depois em cerca de 29 minutos de corrida. Parte do percurso foram a andar porque a Rita, não tendo treino, ora corre depressa, ora começa a andar de tão rapidamente ficar cansada.

As meninas também chegaram cansadas. A Rita logo avisou que não tinha gostado e que a experiência não era para repetir.

No final, fiz uns alongamentos ao Zico. Tinha ainda um torneio de futebol pela frente durante a tarde e já estava cansado e com dores nas pernas. Jogou 4 jogos do torneio, cansado e aflito das pernas. No final, já mal conseguia andar. Mas nunca desistiu, nunca esmoreceu, nunca se queixou. À noite, fiz-lhe umas massagens em casa. Hoje de manhã, ainda se ressentia do esforço.

Eu não sei como é que os outros Pais sentem os seus filhos, principalmente os rapazes. Para mim, o Zico é um verdadeiro companheiro: de bola, de Sporting, de treino, de playstation, de andebol, de conversas, de tristezas, de alegria. Agora, também, de corridas. Veremos até quando. O esforço foi tão grande que não sei se quererá repetir.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Confiança e crescimento

O Zico tem passado alguns momentos menos bons no novo Colégio. Tem tido mais dificuldades em se adaptar do que a Rita. Entrou a meio de um ciclo, para uma turma com grupos de amigos já feitos e está a ter alguma dificuldade em estabilizar as amizades e perceber, efectivamente, quem é e quem não é amigo. De resto, está a gostar muito do Colégio e sinto-o contente.

Com as adversidades vem o crescimento. Noto uma grande diferença deste meu Zico para o Zico de antes do Verão. E com o crescimento vem a confiança.

Sempre expliquei aos meus filhos (aos mais velhos que a Teresa ainda não está para aí virada) que, mais importante que tudo, é dizer a verdade. Não mentir, não esconder, porque com a verdade vem a confiança. O pior que eles me podem fazer é mentir. Não é asneirar, não é bater, não é estragar... é mentir! E acho que eles cresceram a perceber isso.

Da Rita tenho toda a confiança. Sei que não vai prevaricar. Pode fazer as asneiras normais de uma criança de 10 anos mas sei também que se vai aplicar, que vai primeiro trabalhar e depois brincar, que vai estar atenta nas aulas, que vai-se comportar bem. Confio nela. Já o Zico, tem dias...

Vem isto a propósito de uma conversa ontem com o Zico, à saída do Colégio.

«Pai», diz ele, «estou a ter aulas de karaté!».

«Karaté, Zico, como assim?!».

«É o meu amigo Diniz (acho que é o Diniz) que me está a ensinar, e o Henrique também. E também me ensinaram uns truques novos de judo. Amanhã tenho mais 2 aulas».

Fiquei algo apreensivo. Normalmente estas brincadeiras dão asneira e com as coisas a não correrem tão bem no recreio, fiquei logo de pé atrás.

«Olha lá Zico, tem cuidado. Vocês ainda se magoam». Respondeu-me que não. Insisti na conversa e na minha argumentação.

«Confie em mim, Pai!». Instintivamente, o meu coração e a minha cabeça responderam logo: «Claro que confio em ti, Zico!». Porque confio mesmo! Porque conversa após conversa, dia após dia neste Colégio, choro após choro, riso após riso, alegrias e tristezas passadas diariamente, cada vez confio mais no juízo do Zico e na sua capacidade de decidir, de diferenciar o bem do mal, de saber o que é e não é correcto. Está a dar-me provas que é capaz. E quando isso acontece, eu confio e deixo-os à vontade.