quarta-feira, 16 de julho de 2014

As referências dos nossos filhos

A propósito da morte de Rui Tovar e de um post que um grande amigo colocou noutro blog, o Malomil, sobre as suas lembranças do grandíssimo Mundial de 82, levou-me a escrever este post e a pensar nas nossas referência de infância.

Quem é da minha geração ou ligeiramente mais velho, com certeza se lembrará do Campeonato do Mundo de 82, do Naranjito, das espanholadas. Quem gosta mesmo de futebol, de certeza se lembrará do grande Sócrates, do Zico e daquela maravilhosa Selecção do Brasil que acabou por se tornar numa enorme desilusão.

Mas este post não é (bem) sobre futebol. À conta da morte do Rui Tovar, quem muito apreciava ouvir, pus-me a pensar nas minhas referências. Sim, porque inevitavelmente, Rui Tovar é uma referência no futebol em Portugal, e uma referência para mim.

Na verdade, nós vamos construindo a nossa personalidade de certa forma ancorados em referências, em pessoas, em imagens e em ideais que vamos apreendendo e absorvendo ao longo do nosso crescimento, sendo essas referências mais ou menos fortes, mais ou menos marcantes.

Para muitos de nós, independentemente de gostos, tendências ou preferências, pessoas como Thatcher, Jacques Delors, Miterrand, Helmut Kohl, Cavaco Silva, Álvaro Cunhal, Mário Soares, Maria de Lurdes Pintassilgo, entre tantas outras, ou mesmo figuras da nossa infância como Tintim, Heidi, Pipi das Meias Altas, Tom Sawyer, Charlie Brown, marcaram-nos. Os jogos a que jogamos, a forma como interagimos com os amigos, tudo isto nos moldou.

O ponto a que quero chegar é este: quem são as referências dos nossos filhos? A Violeta? O Passos Coelho, Sócrates, Obama? Inazuma Eleven?! É que na falta de outra coisa, temos sempre tendência para nos agarrarmos às nossas referências e olhando para as dos nossos filhos, fico de certa forma assustado.

Pessoalmente, nunca fui muito de criar grandes ídolos ou de seguir religiosamente alguém. Tento pensar pela minha cabeça.

A minha primeira referência é, e sempre foi, o meu Pai. É nele que estão ancorados os meus mais profundos valores e ideais. É isso que me segura. O que me leva a pensar que se o meu, o nosso trabalho for bem feito, "Violetas" à parte, a coisa há-de-lhes correr bem. Venham os Sócrates da vida que eles saberão distinguir quem deve ser referência, e quem com certeza não deve.

É como diz uma pessoa que muito admiro: «Não desista. Nunca desista de lhes enfiar na cabeça. Pode demorar a entrar mas entra e quando forem crescidos, hão-de lembrar-se do que lhes disse.».

Acho que é questão de nós, Pais, não desistirmos de ser... Pais.

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