segunda-feira, 31 de março de 2014

Vacinas

4ª feira passada foi dia de vacinar a Teresinha. Aproveitei estar com ela, e levei-a ao Centro de Saúde para a vacinar.

O Centro de Saúde de Sete Rios é óptimo. Bem organizado, não se espera muito tempo - se bem que hoje foi o dia que esperei mais tempo, uns 30/40 minutos - as médicas que administram as vacinas têm um jeitão! A Teresa sempre se portou bem mas hoje, mais crescida, estava com algum receio da reacção.

No final, chorou quase nada, portou-se bem. A 2ª pica foi mais complicada mas logo lhe passou.

Os dois mais velhos, sempre os vacinamos no Hospital de Santa Maria, por uma questão de facilidade. Confesso que, de princípio, custava-me um pouco, a Ritinha chorava imenso e eu ficava atrapalhado. Com a prática, passou-me.

A vacina mais complicada é a dos 5/6 anos. Nessa idade, eles já têm total consciência das coisas e sabem muito bem o que os espera. Lembro-me muito bem dessa vacina com a Rita e o Zico. Levaram os dois ao mesmo tempo (sim, a Rita foi vacinada com mais de 1 ano de atraso). O Zico quis ficar para o fim. Ao ouvir os gritos da Rita, entrou em pânico! Só foi vacinado à força, tipo colete de forças. Só visto!

Agora, vacinas, a Rita só daqui a 2 anos, o Zico e a Teresinha daqui a 4 anos.

quarta-feira, 26 de março de 2014

30 anos depois

Há 30 anos atrás, no Dia do Pai, escrevia um carta ao meu Pai. Na altura tinha 9 anos. Engraçado ver, hoje, quais eram, à data, as minhas preocupações para com o meu Pai:


Passados 30 anos, certinhos, e agora na qualidade de Pai, recebo uma carta da minha filha mais velha, Rita, também ela com 9 anos, a idade que eu tinha quando escrevi a minha carta ao meu Pai:


Olhando para as 2 cartas, para além da curiosidade e coincidência de intervalarem 30 anos certos, e de eu, na altura, ter 9 anos, idade que a Rita agora tem, acho engraçado ver como é que eu via o meu Pai, e como é que a Rita me vê a mim.

No fundo, tudo não é mais do que fruto das experiências que temos como filhos. Na altura, eu via mais o meu Pai na televisão e achava-o magro. Pelos vistos, isso preocupava-me. A Rita vê-me de fato e gravata e de calças de ganga. Sente que somos parecidos porque ambos temos uma poupa (atenção que já há 30 anos, eu tinha uma poupa, bem visível no desenho que fiz para o meu Pai!).

Para além disso, acho fantástico que a Rita veja em mim, para além da parecença física e de a acompanhar nas coisas que para ela são importantes - jogar i-pad, ver televisão - aquilo que faz parte também da minha vida, que me move, que eu adoro, e na qual tento incluir os meus filhos: as lides domésticas (ir ao supermercado é delicioso!), a minha paixão pela Barcoiça e, claro está, o Sporting!

Se a Rita crescer aprendendo que são essas minhas paixões que me movem, acho que é já meio caminho andado para ela ter sucesso na vida. Bastará encontrar as suas próprias paixões e deixar que sejam combustível para a sua vida.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Todos devíamos ter um lugar assim

Acho que todos devíamos ter um lugar assim, como aquele que eu tenho.

É um lugar onde o tempo passa com o vento, não com as horas. O tempo é marcado pelas refeições, pelas conversas, pelas brincadeiras, pelos passeios. As horas pouco importam.

É um lugar onde o corpo chega, mas a cabeça ficou em Lisboa. Podemos libertar os pensamentos, ou não pensar mesmo em nada, ou pensar em uma coisa de cada vez.

É um lugar de pessoas. Genuínas, simpáticas, convidativas. Mas que não abusam, não enchem o teu espaço. Estão por lá, aparecem, convidam-te, recebem-te. As pessoas fazem os lugares e este meu lugar tem também boas pessoas.

É um lugar deserto. Sendo um lugar de pessoas e com pessoas, é estranho que seja deserto. Mas é. Mas é só deserto no som que nos invade o dia em Lisboa. Não há carros, não há gritos, não há buzinas, não há aviões. Há o chilrear dos pássaros, há o sopro do vento, há o som da chuva ou o esmagador silêncio do calor abrasador de Agosto.

É um lugar frio e quente. Frio no Inverno mas quente dentro de casa. Quente no Verão mas fresco na piscina.

É um lugar de cheiros e sabores. Come-se muito! Cozinha-se. Cheiram-se outros cheiros. Comem-se outras comidas.

É um lugar que nos devolve felicidade. A Teresa é muito feliz. Anda, corre, brinca, é livre! O Zico é muito feliz. Toma banho na piscina, joga à bola sem parar, brinca no parque. A Rita é muito feliz. Pode ver a sua televisão, pode ler, jogar jogos connosco. A Marta é muito feliz. Descansa. Relaxa. Lê. Come muito! Eu sou muito feliz, simplesmente porque este lugar faz-me muito feliz.

É um lugar que inspira a voltar. Custa ir, não custa nada a chegar, custa muito abandonar, só dá vontade de voltar.

É um lugar que desafia a ficar. Sempre que lá vou, acho que devo lá ficar. Para bem dos meninos, da Marta, de todos nós. Convida a assentar. Convida a ser saudável. Convida a ser simples. Convida a descomplicar. Convida a ser feliz. 

Este lugar é de muitos, mas é só meu. É só meu porque acho que só eu o sinto assim. Já só penso em lá voltar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Escolhas

Domingo, dia 16, não foi só dia de meia-maratona. Foi também dia de voltarmos a casa para ver o Sporting x Porto.

Estávamos num almoço de família, depois de feita a meia-maratona. Tinhamos de sair mais cedo. Perguntei ao Zico o que ele preferia: ficar a brincar com os primos ou ir comigo ao futebol.

O Zico pensou. Pensou. Virou-se para mim, e disse-me: «Oh Pai, é que eu quero tanto as duas coisas!». «Eu sei, Zico», respondi, «mas tens de escolher uma e eu não me importo nada que prefiras ficar a brincar e não vás comigo ao futebol.». O Zico voltou a pensar, e respondeu: «Pai, é um jogo muito importante e eu não posso falhar! Vamos ao futebol.».

E fomos. É que o Sporting também é a nossa família e quando a família precisa de nós, nos momentos importantes, temos de lá estar. O Zico entendeu isso. E enche-me de alegria que ele o entenda.

Nós somos do SPORTING. O SPORTING somos nós!


segunda-feira, 17 de março de 2014

A minha primeira meia-maratona

86 dias, 41 treinos, 235,4 kms, 21 horas a correr a um ritmo médio de 5:19 minutos por km. Treinei com dedicação e empenho para conseguir fazer 21 kms abaixo de 01h50m. Depois de quase 3 meses, não posso ficar senão desiludido.

As últimas 3 semanas de treino já antecipavam o que me esperava no dia 16. Os treinos mais longos estavam a ser um verdadeiro suplício. As dores musculares, nas pernas, tomavam conta de mim. O último treino longo, 10 dias antes da prova, não o consegui terminar, sequer.

Ontem acordei bem disposto. Fui confiante para a prova. Concentrado. Sabia perfeitamente o que tinha a fazer, etapa a etapa. Mesmo sabendo que 2 dias antes, tinha tido dores. Primeiro, os 8 kms até aos 42 minutos; passar os 12 kms pouco acima da hora; depois dos 16 kms, obrigatoriamente antes de 01h25m, seria uma questão de manter o ritmo para chegar ao objectivo final.

A corrida começou muito bem. Mantive o ritmo que queria, calmo, a rondar os 11 kms/h. A descida para Alcântara melhorou o tempo médio, chegando aos 5 kms a uma velocidade média de 12,5 kms/h, bem disposto, respiração controladíssima e bem hidratado.

A chegada ao Cais do Sodré, pelos 7,5 kms, dava-me confiança. Batia os 8 kms abaixo dos 40 mns, sabia que tinha margem de tempo para abrandar um pouco o ritmo se fosse necessário. Foi o que fiz, procurando poupar-me um pouco até aos 12-13 Kms. Voltando a passar Alcântara, aí pelos 9 kms, comecei a sentir dores...

O problema das dores musculares, para além naturalmente da própria dor, é aquilo que nos provoca na cabeça. Deixamos a dor controlar os nossos pensamentos e é o fim! Pelos 11 kms tive de parar e começar a andar tais eram as dores que sentia. Pouco depois, retomei a corrida, a um ritmo bastante mais lento. Pelos 13 kms, ao passar Belém e a meta da mini-maratona, pensei seriamente em desistir. Parei a 2ª vez. Mas continuei. Achei que quanto mais me afastasse daquela zona, menor seria a tentação em desistir. Teria sempre de voltar para trás!

Voltei de novo a correr. Entre o km 11 e o km 15, a fase mais difícil da corrida, mantive uma velocidade média quase sempre abaixo dos 10 kms/h por causa das paragens. Nem nos treinos conseguia correr tão devagar! Senti-me triste, tristíssimo, desiludido, só tinha vontade de chorar. Tanto treino para agora o corpo me falhar desta forma. Mas não desisti. Parei algumas vezes, deixei a dor passar, e procurei sempre retomar a corrida, mesmo que a um ritmo mais lento. Não seria possível dizer aos meus filhos que tinha desistido. Não é isso o que lhes ensino. Na vida, nunca desistimos de nada, muito menos daquilo que queremos e daquilo para que trabalhamos.

A certa altura, bebi uma garrafa inteira de powerade. Acho que ajudou bastante. A partir dos 16 kms, não parei mais. Corri mecanicamente, uma perna atrás da outra, cheio de dores mas não parei. Consegui chegar ao fim, com muito custo, muito sofrimento, mas terminei.


Ao fim de 1 hora, 57 minutos e 20 segundos, a um ritmo médio de 05:32 por km (marcado no meu GPS), cheguei ao fim! Um doloroso mas, no final saboroso, fim. Não tenho qualquer desejo de voltar a repetir uma corrida destas. Não gostei muito do meu plano de treinos, com corridas longas a demorar muito tempo. Prefiro percursos mais curtos.

Agora é recuperar porque daqui a 2 semanas volto à competição para o BES Run Challenge: 4 corridas, 1 maratona, em 3 meses. Percursos de 10 kms cada (com excepção do 1º que será de 12 kms), mais à minha medida e ao meu gosto.

quarta-feira, 12 de março de 2014

5 coisas essenciais para seres uma pessoa normal e feliz

Todos os dias, sou literalmente bombardeado com dicas, conselhos e "must know" para conseguirmos ser tudo na vida: mais felizes, mais produtivos, mais eficazes, termos sucesso, termos dinheiro. São listas e listas das pessoas mais bem sucedidas no mundo empresarial, dos mais ricos... mas ainda não encontrei nenhum manual para poder ser, simplesmente, um "gajo normal".

Vai disto, e decidi construir um. Aqui vai:

1) Vai para casa mais cedo, pelo menos uma vez

Larguem tudo. Deixem o trabalho para amanhã. Saiam a meio da reunião. Qualquer coisa. Mas vão para casa mais cedo, pelo menos uma vez por semana, por mês, por ano! Vão buscar os miúdos à escola e passem algum tempo com eles. Não têm filhos? Vão ao cinema, ao teatro, a um museu. Vão passear. Respirem a vossa cidade (pelo menos a minha, Lisboa, tem um ar fantástico de respirar!), falem com os vossos vizinhos mas aproveitem 1 final de dia em cheio!

2) Não fales, não penses, não faças nada

Sabe muito bem, devo dizer-vos. É um desporto que pratico com uma certa regularidade. Sento-me no sofá, comando da TV na mão e... nada! A Marta muitas vezes pergunta-me: «No que é que estás a pensar?». «Nada!», respondo eu. «Como nada? É impossível não pensar em nada!», diz ela.

Claro que é possível! E é bom! Às vezes, se calhar, até estou a pensar como é bom não pensar em nada...

3) Diz o que pensas

Somos cada vez mais formatados para dizermos o que esperam que digamos. Somos "condicionados" a ser "politicamente correctos". Às vezes, talvez não seja mau dizermos aquilo que verdadeiramente pensamos. Ser "politicamente incorrecto", dizer uma "barbaridade" qualquer, mostrar aquilo em que verdadeiramente acreditamos.

Aqui há dias, a dar uma entrevista a um jornal, perguntavam-me sobre a subida dos preços das casas, ao que respondi: «Isso é conversa de mediador!». Escarrapachado no jornal... oops!

4) Não sei

Muitas vezes, ser sincero e dizer "não sei" não é nada de mal, bem pelo contrário. Hoje em dia, toda a gente acha que consegue ter conversas sérias. Toda a gente lê, a informação está ao alcance de qualquer um, toda a gente viaja... mas provavelmente, poucos serão aqueles que efectivamente entendem aquilo que os rodeia. Consomem informação à base da pastilha elástica e cospem-na como se num comício estivessem.

Ser uma pessoa normal, implica não saber muitas coisas, ser um bocadinho burro, não ler tanto como os outros, não comprar jornais. É tanta a barbaridade que por aí se lê que a ignorância, às vezes, até que cai bem.

5) Last, but not least...

Atenção. Esta última regra é fundamental. Como última regra.... esqueçam as 4 regras anteriores! Façam as vossas. Não façam nenhuma. Não sigam regras ou implementem a regra de ouro de não ter regra nenhuma. Façam o que bem entenderem mas façam o que vos apetece e o que vos faz feliz.