quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pais que fazem tudo

Sobre este texto - Mães que não fazem nada -  apeteceu-me escrever este, agora: Pais que fazem tudo. E não, não quero falar de Pais no sentido masculino, mas antes de Pais no sentido lato.

A Marta não está tão próxima dos meninos, é verdade. Mas faz tudo. Tem pouco tempo para fazer tudo, é verdade, mas faz tudo. Trabalha, realiza-se, realiza os outros, realiza-nos a nós, está em casa, está comigo, está com os meninos. Trabalha ainda mais.

Como a Marta, há milhares e milhares de Pais que fazem tudo e tudo fazem para conseguir fazer tudo. E a coisa corre bem. Os nossos Pais, noutro ritmo, é verdade, já tudo faziam. Eu, pessoalmente, passei uma infância e adolescência pouco vendo o meu Pai. E tanto que ele fez!

Do meu lado, não me revejo nada nesta lógica de não haver carreiras, não poder haver planos que façam coincidir a vida familiar com a vida profissional e de tudo se perder numa vida por causa do trabalho. Nem sequer acredito numa sem a outra, e vice-versa. E acreditem, gosto de fazer nada! Adoro estar em casa, sentado sem fazer absolutamente nada!

Acho que muitos Pais facilmente entram na angústia e na nostalgia da maternidade. Acham que o tempo passado durante a licença deveria perdurar, para todo o sempre. Eu também passei por isso, principalmente com a Rita. No meu 1º dia de trabalho, depois de um mês em casa, tive de sair à hora do almoço, correr até casa, pegar na Rita ao colo e dar-lhe um grande mimo. Era como uma droga, uma injecção para me manter o resto do dia! Mas logo passou.

Sem trabalho, não nos realizamos. Sem família, também não. Por vezes, prevalece um; outras, prevalece a segunda. É assim mesmo e nada neste Mundo o irá mudar. E aquilo que não podemos mudar, mais vale aprendermos a ser felizes com isso.

Temos menos tempo para os filhos? Aproveitemo-lo até ao tutano! Temos mesmo de trabalhar, mais vale é aproveitar tudo o que de bom o trabalho nos dá.

Pensemos assim: a vida é como uma laranja. É preciso descascá-la, tirar os caroços e aqueles fios chatos que ficam presos nos dentes. Provavelmente sujamo-nos e ficamos com as mãos a tresandar! Mas depois... depois é dar uma bela dentada e aproveitar todo o sumo que tem. O resto, deita-se fora.

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